“Uma contraofensiva do movimento sindical contra o atual retrocesso político e social.” Assim a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, definiu o projeto ‘Basta! Não irão nos calar’, que presta atendimento jurídico e psicossocial a mulheres vítimas da violência de gênero. Há mais de um mês em ação, a iniciativa do Sindicato é realizada em parceria com a Rede Municipal de Enfrentamento à Violência Doméstica.
Só no estado de São Paulo, levantamentos com base em dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) mostram um aumento de 44% de casos de feminicídio no primeiro semestre de 2019. O assassinato de mulheres cresce, no entanto, como um todo e por todo país. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública e relatórios do Ministério da Saúde, em 2018, enquanto o número de homicídios caiu 20%, o de feminicídios aumentou em 4%, registrando uma mulher assassinada a cada oito horas.
E a tendência é que essa situação piore ainda mais diante das reformas aprovadas no Brasil, que agravam a desigualdade de gênero, como alerta a presidenta do Sindicato dos Bancários. “O congelamento dos gastos públicos por 20 anos, a reforma trabalhista e agora a reforma da Previdência tendem a agravar ainda mais essa situação. As mulheres e os jovens são as principais vítimas dos contratos precários (jornada parcial, prazo determinado, intermitente etc) e isso será ampliado com a reforma trabalhista, aprofundando as desigualdades no mercado de trabalho”, destaca Ivone.
Hoje, apesar de estudarem mais no Brasil, as mulheres têm renda 41,5% menor do que a dos homens, segundo a ONU. E são as mais prejudicadas pelo desemprego, em especial as mulheres negras.
“Reverter esse índice de violência é um compromisso que a sociedade precisa ter todos os dias, com a prevenção e a mobilização, ou seja, com investimento em educação e na criação de canais para o acolhimento e denúncia”, propõe Ivone.
O projeto ‘Basta! Não irão nos calar’ funciona na sede do Sindicato, na Rua São Bento, 413, no centro da capital paulista. Para ser acolhida, a vítima pode comparecer no endereço ou entrar em contato via Central de Atendimento, das 9h às 18h, de segunda sexta, para agendar o atendimento. O serviço é realizado somente com agendamento prévio.
Fonte: Rede Brasil Atual