IV Congresso da UNI discute “ilhas de privilégio e oceanos de pobreza”

Evento tem como tema “including you” ou traduzindo “incluindo você”

O IV Congresso da UNI Global Union termina nesta quarta-feira (10) na Cidade do Cabo, na África do Sul. Trata-se do sindicato global que representa mais de 20 milhões de trabalhadores dos setores de serviços de todo o mundo, inclusive o de finanças, ao qual a Contraf-CUT é filiado.

O encontro, repleto de debates e reflexões, tem como tema “including you”, que pode ser traduzido como “incluindo você” ou “todos incluídos”. O evento foi aberto no último domingo (7).

O ministro do Desenvolvimento Econômico da África do Sul, Ebrahim Patel, ao discursar no congresso, disse que a luta por democracia busca acabar com “as ilhas de privilégio e os oceanos de pobreza”, e que o seu país não quer somente crescimento econômico, mas crescimento com participação de todos nos rumos da África do Sul.

Ele disse também que, quando era sindicalista e Mandela presidente, os trabalhadores estavam descontentes com a lentidão do governo em discutir a pauta dos trabalhadores e, por isso, se mobilizaram e foram às ruas em passeata para pressionar o governo a colocar logo a pauta dos trabalhadores na ordem do dia. Mandela, então, ligou para os sindicalistas e perguntou qual era o trajeto da passeata. Para a surpresa de todos, Mandela participou da passeata para pressionar o seu próprio governo a negociar seriamente com os trabalhadores.

O presidente da UNI África, Bones Skulu, fez uma manifestação agradecendo a solidariedade mundial para que a África do Sul pudesse comemorar hoje 20 anos de democracia. Ele reconheceu os avanços em seu país e disse que tem ainda muito a avançar. Foi muito aplaudido quando afirmou que “quando as pautas dos trabalhadores não andam na mesa de negociação é preciso ir às ruas e fazê-las andarem com mobilização”.

“Os relatos de assassinatos de sindicalistas e práticas antissindicais das empresas na Colômbia foram chocantes”, revela o presidente da Contraf-CUT e vice-presidente da UNI Américas Finanças, Carlos Cordeiro, que lidera a delegação brasileira. A Prossegur, empresa de transportes de valores da Espanha, a mesma que atua no Brasil, chega a pagar até quatro salários ao trabalhador para que ele se desfilie do sindicato, sendo obrigado a devolver o dinheiro se mudar de ideia.

Na França, há um retrocesso brutal no direito dos trabalhadores e um ataque aos sindicalistas como estratégia de enfraquecer o movimento sindical. Os empresários franceses acabam de pedir ao governo que acabe com a ratificação da Convenção 158 da OIT, que proíbe demissões imotivadas. “É a direita, igual em todo mundo, mesmo em países mais avançados socialmente como a França, querendo que os trabalhadores paguem por uma crise mundial que junto com o mercado financeiro eles próprios criaram”, aponta Cordeiro.

O sindicalista brasileiro afirma que a frase do ministro da África do Sul “não podemos permitir ilhas de privilégios e oceanos de pobreza” lembra muito o Brasil, sexta economia mais rica do mundo e o 12º pior país em distribuição de renda.

“Precisamos com ousadia, mobilização e unidade não permitir nenhum retrocesso, ‘nem que a vaca tussa’, e avançar nas conquistas, transformando crescimento econômico em desenvolvimento, com ‘todos incluídos’, como aponta o tema deste congresso”, conclui o presidente da Contraf-CUT.

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram