O lucro líquido recorrente do Itaú Unibanco, divulgado nesta terça-feira (5), atingiu R$ 14,043 bilhões, o que representa uma queda de 4,03% em relação a 2011. Esse foi o segundo maior lucro do setor no país. O maior foi o resultado do próprio Itaú em 2011, quando bateu R$ 14,640 bilhões, de acordo com levantamento do Dieese, subseção da Contraf-CUT.
Embora o lucro tenha sido menor do que o apurado em 2011, ele teria sido muito maior se o banco não usasse outra vez a manobra contábil de superdimensionar as provisões para devedores duvidosos (PDD), que apresentou um crescimento de 20,66%, passando de R$ 19,9 bilhões em 2011 para R$ 24,025 bilhões em 2012.
“Essa maquiagem é um velho truque dos bancos para diminuir os lucros. As instituições financeiras perseguem vários objetivos com essa mágica, como a redução da PLR dos bancários, a tentativa de justificar a contenção da oferta de crédito e a manutenção das altas taxas de juros, spreads e tarifas bancárias”, critica o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.
Enquanto isso, a taxa de inadimplência real de dezembro de 2012 diminuiu 0,1 ponto percentual em relação a dezembro de 2011. Na comparação de dezembro em relação a setembro de 2012 a variação foi de -0,2 ponto percentual, o que demonstra estabilidade, avalia Cordeiro. “Nem a desculpa da inadimplência pode ser usada para justificar o altíssimo provisionamento”, observa Cordeiro.
“Com essa manobra contábil de reduzir o lucro líquido superdimensionando as provisões para uma inadimplência que na verdade é baixa, os bancos atingem vários objetivos simultaneamente. Chantageiam o governo e a sociedade para justificar as demissões e os juros, spreads e tarifas altíssimos”, acrescenta Carlos Cordeiro.
Os ativos totais do Itaú em 2012 chegaram a R$ 1,014 bilhão, um crescimento de 19,16% em relação a 2011, quando alcançou R$ 851,3 milhões.
Menos 7.935 postos de trabalho
Apesar do lucro bilionário, o banco segue a política de demissões praticada em 2011. Em 2012, o Itaú fechou 7.935 postos de trabalho, uma redução de 8,08% de seu quadro. Desde março de 2011, já são 13.699 postos a menos, quando eram 104.022 bancários.
Receitas com tarifas crescem
A renda de tarifas bancárias cresceu 13,44%, passando de R$ 5,13 bilhões para R$ 5,83 bilhões. As receitas de prestação de serviço também apresentaram crescimento, de 4,14%. Chegando a R$ 14,49 bilhões. Já as despesas de pessoal tiveram crescimento de 5,02%, passando de R$ 13,36 bilhões para R$ 14,03 bilhões.
“O balanço mostra que o banco paga todas as despesas de pessoal apenas com receitas de serviços e tarifas e ainda apresenta um excedente de 44,8% da soma destas receitas”, ressalta o presidente da Contraf-CUT.
“Ainda que os bancários tenham conquistado na Campanha 2012-2013 reajuste de 7,5% no salário e 8,5% no piso da categoria, e, na Campanha 2011-2012, 9% no salário e 12% no piso, os dados do balanço mostram que não houve impacto na mesma proporção na despesa com pessoal. Isso comprova a denúncia que a Contraf-CUT vem fazendo sobre a prática perversa de rotatividade praticada pelo banco. As demissões e contratações por menores salários é uma prática que provoca o enfraquecimento dos ganhos da categoria”, ressalta Cordeiro.
Segurança
O banco gastou em 2012 o equivalente a 3,64% do lucro líquido com segurança, somando R$ 510,974 milhões. Em 2011, foram gastos R$ 482,164 milhões, 3,3% do lucro registrado naquele ano. “Itaú e Bradesco são os bancos que menos investem, em relação a seus vultuosos resultados, na segurança de suas agências, postos, clientes e funcionários”, critica Cordeiro.