Itaú sofistica formas de perseguir empregados

Nos idos dos anos 80, a base dos lucros astronômicos dos bancos era a inflação, uma verdadeira bolha assassina que inflava os cofres dos banqueiros, enquanto empobrecia cada vez mais a população. Abatido esse monstro inercial, os bancos criaram a enorme diversidade de tarifas, que lhes garante até hoje a cobertura de mais de uma folha de pagamento. E os lucros sobem. O capitalismo tem essa capacidade de resolver as próprias crises, sempre preservando suas características: a exploração e o acúmulo.

Assédio moral – Na guerra que a categoria empreende contra o assédio moral, os bancos vêm reagindo da mesma forma. Não é de hoje que denunciamos as pressões, humilhações e toda sorte de abusos nas agências, departamentos e telemarketings. É velha essa história de gestores exigirem que os bancários ultrapassem os limites de sua resistência física e psicológica para vender produtos financeiros. Os bancos sofisticaram a tal ponto esse tipo de exploração, que as antigas formas de cinismo são hoje simples jogos de espírito de crianças.

Péssimo exemplo – O Itaú implantou toda uma pedagogia do assédio moral, isto é, um emaranhado de técnicas que vão da elaboração de um código de ética e a fraude dele, passando pelas formas abertas e sutis de ameaças ao emprego, deturpação de normas legais, até a transferência de gestores “queimados” pelas denúncias do Sindicato para assediar em outra região. Tudo para colocar em xeque o intelecto e as emoções do empregado, sempre com o intuito de destruir a sua resistência moral, causando-lhe o estresse, o desânimo e a doença. Objetivo: aumentar as vendas e os lucros.

Negação da ética – A lei proíbe as vendas casadas. Mas sua prática garante grandes negócios. O código de ética do Itaú lembra aos empregados que fazer vendas casadas é ilegal e que haverá punição, caso sejam denunciadas. Mas, no dia-a-dia, os gestores fazem exigência de reciprocidade ao cliente, como a coisa mais natural do mundo. Se um cliente reclamar e levar o banco à Justiça, o bancário que o atendeu será exemplarmente punido. “Eu avisei que era proibido, você precisa saber para quem está vendendo produtos”, lembra o gestor ao comunicar a punição.

Os funcionários atingidos pelas LER/Dort merecem um capítulo à parte. As regras do INSS são claras: quando o lesionado retorna ao trabalho reabilitado, não pode exercer as funções que exigem esforços repetitivos. Mas que nada. No Itaú isso não existe. Além do que o empregado não escapa das piadinhas, alfinetadas e insinuações maldosas. Se ele for do Bankfone, ouve falas falsamente solidárias de que em uma agência ele talvez não digitasse tanto. Uma ameaça velada de transferência, que vai redundar em demissão.

Transferência – Tem gestor que se esmera na arte de assediar. Recentemente, o Sindicato denunciou, entre outros gestores, a superintendente da Área Operacional 33, Márcia Athayde, como praticante de terror psicológico. Ela deixou funcionários sem hora de almoço, exigiu dos substitutos o mesmo desempenho do substituído (férias) e ameaçou por telefone ou por e-mail quem foi visto sem vender produtos. Recentemente, ela mandou rasgar e jogar no lixo a edição nº 4098 do Jornal Bancário, que denunciava assédio moral no banco.

Diante das denúncias, o Itaú a transferiu para a Zona Sul, para deslocar o foco das acusações. “Convém aos bancários da Zona Sul ficar de olho. Ninguém pode ser ingênuo de pensar que a transferência foi uma punição à supergestora. Leva mais jeito de promoção, dado o poder aquisitivo da região”, analisa a diretora do Sindicato Adriana Nalesso.

Campo Grande – A Zona Oeste é pródiga em ocorrência de assédio moral. O Sindicato registrou recentemente o caso de um empregado que foi usado na agência Bangu como reabilitado. Negro e portador de necessidades especiais Marcos do Santos Silva entrou para a cota de inclusão social, e figurou na estatística legal, para em seguida ser demitido por baixa produtividade, embora o funcionário fosse produtivo. O Itaú é racista.

O gerente Cesar Ribeiro, da agência Campo Grande, sob o comando e orientação do superintendente Wagner Dionísio, supera as expectativas do Itaú em termos de exigências do programa Agir. Ele gosta de repetir as frases do chefe: “Não estou aqui para prejudicar ninguém, mas quem não estiver satisfeito, pode procurar o banco da praça” e “transferir funcionário para outra agência por baixa produtividade é tráfico de drogas”. O Sindicato não admite essa postura e recorre à Justiça e outros meios para pôr fim aos abusos.

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