Itaú demite mulheres por engravidar no MS, após apelarem ao Ombudsman

Contra assédio moral, bancários paralisam agência do Itaú em Campo Grande

Os bancários paralisaram nesta segunda-feira 22 de abril a agência do Itaú Personnalité de Campo Grande (MS), em protesto contra as demissões e a prática continuada de assédio moral por parte da gerente da unidade. A gestora Maria Aparecida de Lima demitiu todas as bancárias que retornaram de licença-maternidade e todos os funcionários e funcionárias que denunciaram o assédio moral ao Ombudsman do banco e à superintendência regional.

“Aqui mulher não pode engravidar. Engravidou, é demitida quando retornar da licença-maternidade”, denuncia Janaína Dean, funcionária do Itaú e diretora do Sindicato dos Bancários de Campo Grande.

Conhecida como assediadora moral quando ainda era gerente do Unibanco, antes da fusão entre as duas instituições, a gestora intensificou essa prática quando assumiu a administração da agência Personnalité do Itaú, em julho de 2009. Dois meses depois, os gerentes da área comercial resolveram denunciar a prática do assédio ao então superintendente regional do Itaú, Felipe Way, que visitou a agência em companhia de uma responsável pelo RH do Personnalité e tranquilizou todos os funcionários de que a gestora seria orientada a mudar seu comportamento.

Um mês depois, no entanto, a gerente Maria Aparecida (conhecida como Cida) demitiu uma bancária que havia feito a denúncia ao superintendente e intensificou o assédio moral. “Passou a fazer cobranças absurdas, ridicularizando os funcionários perante os colegas e também diante dos clientes. Além da cobrança sobre as metas, Cida usava de fatos não verídicos para ridicularizar e difamar os funcionários, tudo para acumular fatos mentirosos diante do superintendente para poder demitir todos que haviam reclamado de seus modos”, lembra Janaína.

‘Ombudsman é um instrumento para punir trabalhadores’

Em dezembro de 2010, indignados com o assédio moral os funcionários da agência fizeram a denúncia ao Ombudsman do banco. Daquele momento até hoje, a gestora demitiu todos os bancários que reclamaram de seu comportamento tanto ao Ombudsman quanto ao superintendente, inclusive as trabalhadoras que retornavam de licença-maternidade.

“Isso mostra mais uma vez que a instituição do Ombudsman no banco não é séria. O Itaú criou essa figura, para onde pudesse canalizar a insatisfação dos bancários, com o objetivo de tentar afastá-los do movimento sindical. Mas esse caso mostra que o Ombudsman acaba sendo mais um instrumento para fragilizar e punir os trabalhadores. É isso o que Itaú acredita ser eficiência”, denuncia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

O Sindicato de Campo Grande e a Contraf-CUT cobram da direção do banco uma solução imediata para o caso e o fim dessa prática antissindical via Ombudsman. “Enquanto isso não for resolvido, as mobilizações vão aumentar”, adverte Carlos Cordeiro.

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