As agências bancárias se tornaram alvo de quadrilhas especializadas nos últimos anos. No Rio Grande do Sul, os assaltos têm ocorrido com frequência, inclusive envolvendo reféns. De acordo com o Sindicato dos Bancários de Carazinho, foram 34 ataques no interior do estado somente nos primeiros cinco meses de 2013, como mostra a reportagem do Teledomingo, da RBS TV (veja o vídeo ). Os últimos crimes aconteceram em Fagundes Varela e Sarandi.
A rotina de tranquilidade de pequenas cidades do interior já não é mais a mesma. Foi quebrada pela violência das quadrilhas. As imagens do ataque no município de Sarandi, no Norte do estado, não saem da cabeça do aposentado Nilo Pazini. Três homens que fugiram do assalto buscaram refúgio na casa dele. “Daí eu disse para eles: vocês estão em segurança aqui dentro. Estamos fazendo isso aí para vocês. Vocês podem ter certeza que vão sair com vida”, relata Nilo.
Imagens gravadas por moradores mostraram a ação dos bandidos. Enquanto saíam da agência bancária, eles usaram funcionários do banco como escudo humano para se proteger. Um empresário que passava pelo local foi obrigado a se juntar ao grupo. “Meu pavor maior era que viesse a polícia e houvesse troca de tiros. Muita gente chorando, rezando, em pânico”, conta Joelson Chiossi.
O medo se confirmou e dois policiais militares foram levados como reféns. Na perseguição, o veículo colidiu contra outro carro e dois assaltantes correram para se esconder. Os demais roubaram uma caminhonete e invadiram o pátio de uma empresa, onde o aposentado Nilo Pazini mora com dois filhos.
“Fez parte da negociação que eles queriam ser presos pela Polícia Civil e eu disse que faríamos conforme eles estavam solicitando”, lembra o delegado Edson Tadeu Cezimbra. Com desfecho feliz, o aposentado diz que os criminosos chegaram a agradecer. “O assaltante que estava comigo bateu nas minhas costas e disse: obrigado por salvar nossas vidas”.
A tranquilidade da região, no entanto, seria novamente rompida dois dias depois. O alvo era uma cooperativa de crédito no município de Gentil, a 100 km de Sarandi. Disfarçados de pedreiros, criminosos renderam o gerente do local. “Fui calçado com revólver na cabeça e me disseram: abre o cofre, abre o cofre. Levaram todo o dinheiro, inclusive o que eu tinha na carteira”, afirma o gerente, que preferiu não se identificar.
O Sindicato dos Bancários da região acredita que o grande número de assaltos têm feito com que muitos funcionários abram mão de trabalhar no interior.
“Temos relatos diários. Tem gente trabalhando à base de remédio e tarja preta. O grau de estresse é tão grande que não consegue cumprir a jornada durante o dia nos bancos. Hoje fazem assalto em plena luz do dia no interior, com reféns e isso gera intranquilidade para o bancário dentro da agência. A pessoa não consegue mais trabalhar descansado”, diz Antônio Federici, diretor do SindBancários de Carazinho.