A primeira reunião do Grupo de Trabalho de Segurança Bancária, formado em Mato Grosso, aconteceu na terça-feira (28) na sede da Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Estado (Sejusp) e foi avaliada como uma primeira troca de informações e ideias entre os membros participantes do GT, que são representantes do Sindicato dos Bancários de Mato Grosso (SEEB-MT), Polícia Federal, Sejusp, Sindicato dos Vigilantes e Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entre outros.
Dentre as dezenas de pontos abordados, está a necessidade de todos os envolvidos nas questões bancárias e de segurança pública terem em mente que a onda de crimes envolvendo os bancos não pode ser tratada como algo sem importância, já que durante essas ações praticadas por quadrilhas cada vez mais violentas existem centenas de vidas colocadas em risco.
“É preciso que todos tenham a consciência de que o maior patrimônio que existe é a vida, e durante esses assaltos, tanto a vida dos clientes como dos bancários, é desprezada pelos bandidos”, enfatizou o presidente do SEEB-MT, Arilson da Silva.
Na reunião, os representantes de entidades e instituições foram unânimes em reforçar a necessidade de integração das inteligências das polícias e também os investimentos em itens de segurança por parte dos bancos.
Os participantes ainda trataram da importância de manter os criminosos envolvidos em assaltos ou em arrombamentos a caixas eletrônicos dentro das prisões, como forma de desarticular essas organizações criminosas.
Para o Sindicato dos Bancários, o dinheiro roubado nos assaltos a bancos pode estar sendo utilizado para sustentar o crime organizado tanto em Mato Grosso, quanto em outros estados do País.
“Além da onda de violência provocada no ato dos assaltos, existem ainda os prejuízos financeiros e os transtornos psicológicos. Por isso precisamos de ações por parte dos bancos, por meio de mais investimentos em itens de segurança, como alarmes, câmeras, portas giratórias e blindagens”, explica o presidente do SEEB-MT. Ele ainda reforça que, além de tudo isso, é preciso que haja também uma eficiente política de segurança pública, capaz de acabar com esse mal.
Poder Público X Bancos
Na quarta-feira (29), a imprensa mato-grossense veiculou o posicionamento da Febraban em relação aos investimentos em segurança bancária.
De acordo com o diretor setorial de Segurança Bancária da Febraban, Pedro Oscar Viotto, são investidos anualmente no Brasil R$ 8 bilhões por ano em segurança, porém, de acordo com ele, a tarefa de combater as quadrilhas armadas é dever do Estado.
Para o SEEB-MT, o posicionamento da Febraban reflete o que já vem acontecendo nas agências de todo o país e, especificadamente, em Mato Grosso. Nas unidades que aparentemente contam com equipamentos de segurança, câmeras de filmagens não funcionam, como já foi constatado pelo próprio Sindicato, após o assalto na agência do BRB, no início de novembro, em Cuiabá. Além disso, ainda existe a ameaça de retirada das portas giratórias de agências do Banco do Brasil e do Itaú Unibanco.
Para se ter uma ideia, em 2010 os bancos obtiveram recordes de lucratividade. Somente neste ano, os cinco maiores bancos do país (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander) lucraram juntos mais de 30 bilhões de reais, mas ainda teimam em dizer que já fazem tudo o que podem para inibir e evitar a criminalidade nas agências.
“Está claro que os R$ 8 bilhões investidos anualmente pelos bancos são pouco perto da alta lucratividade dessas empresas, que lidam com cifras cada vez mais altas e que devem ter com seus clientes, com a população e com os próprios bancários, mais responsabilidade, principalmente quando o assunto é a preservação de vidas por meio da segurança”, encerra Arilson.