“Os trabalhadores não devem aceitar que os custos do combate à inflação lhes sejam transferidos, especialmente se considerado que o bom desempenho do mercado de trabalho.” Este é uma alerta que o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-econômicos (Dieese) faz na nota técnica Inflação e as Campanhas Salariais, divulgada nesta segunda-feira 18 para subsidiar a discussão dos sindicais cujas categorias têm data-base no segundo semestre.
No documento, o Dieese refuta os argumentos empregados por setores conservadores, com ampla repercussão na mídia, de que a busca por aumento de salário representa um risco para a inflação. Reconhecendo que quem mais tem a perder com a inflação são os trabalhadores, o estudo mostra que a pequena alta inflacionária dos últimos meses deve-se a questões externas e ao aumento dos preços de alguns produtos agrícolas circunscritos, mas que essa tendência está perdendo força e não pode ser um impeditivo para que os trabalhadores busquem aumentos reais de salários.
Ao contrário, conquistar reajustes é a melhor maneira de os trabalhadores se protegerem da “transferência direta de renda para os setores que são credores da dívida pública interna”, provocada pela elevação da taxa básica de juros nos últimos meses. Quem se beneficia dessa transferência são os bancos, as empresas, fundos financeiros e pessoas físicas de renda alta que possuem títulos da dívida pública.
Além de lutar por aumento de salário, o Dieese sugere uma série de medidas que devem ser tomadas pelos sindicatos para proteger os salários mais baixos, e portanto mais suscetíveis de perdas em razão do aumento dos preços de produtos alimentícios básicos. Todas essas medidas estão incluídas na pauta de reivindicações da Campanha Nacional dos Bancários, que começará a ser negociada com os banqueiros no próximo dia 27 de agosto.
