“Quem não tem memória, não terá futuro”. A frase, do presidente do SindBancários, Juberlei Baes Bacelo, foi dita na noite de sexta, dia 21, na inauguração do Arquivo Histórico do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre (AHSBPOA), na Casa dos Bancários, no centro da capital gaúcha. A cerimônia, que ainda contou com uma homenagem ao árbitro Carlos Eugênio Simon, dirigente da entidade no período de 1987 a 1995, foi prestigiado por um grande público, formado por ex-dirigentes e dirigentes do Sindicato, árbitros e historiadores
Após o longo trabalho para recuperar, organizar e conservar um acervo composto por três mil periódicos, 110 metros lineares de documentos, 500 horas de vídeos e 10 mil fotos, o Arquivo fica agora disponível para consulta, que pode ser feita pelo site www.sindbancários.org.br/arquivo, ou no local (Rua dos Andradas 943 – 11ª andar Centro de Porto Alegre), mediante agendamento.
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O coordenador do Arquivo, diretor do SindBancários Sandro Rodrigues, lembra os quase quatro anos de trabalho que culminaram em sua inauguração na noite desta sexta, e agradeceu a equipe da Arxius, parceira no projeto, e os bancários pela ajuda na elaboração do Arquivo. “Nosso sindicato possui uma história que ultrapassa a questão classista, e que agora fica disponível para estudantes, professores e toda sociedade, que poderão consultar e pesquisar um vasto material”, complementa.
“Quando olhamos para o acervo, percebemos que os bancários sempre entenderam seu papel de interferir e ajudar nas lutas sociais do país. Estávamos nas Diretas Já, no Fora Collor, ao lado do Movimento Sem Terra e nas lutas estudantis”, complementa Bacelo, lembrando que é através das conquistas passadas que os atuais e futuros dirigentes da entidade conseguirão pensar nas lutas que ainda estão por vir.
O ex-presidente do SindBancários e ex-governador do RS, Olívio Dutra, parabenizou o Sindicato pelo trabalho que vem fazendo, informando os bancários e realizando projetos como o Arquivo Histórico. “Figuras e a história da nossa e de outras categorias estão disponíveis para que todos possam se aprofundar, se informar e tirar sua opinião sobre como era o cotidiano dos trabalhadores. Esperamos que esse rico material sirva como base para futuras pesquisas”, afirma Dutra.
O consultor técnico da Arxius do Brasil, Érico Moraes, louvou a coragem do SindBancários em investir num projeto do tamanho e complexidade do Arquivo Histórico. “Poucas entidades se preocupam com a memória institucional, que é o que compõe o seu legado. Nesse período de pesquisa e organização, desvendamos o patrimônio documental do Sindicato, trabalhamos com o resgate da história e das conquistas dos trabalhadores”, finaliza.
O sócio-diretor da Arxius do Brasil, José Claudio Teixeira, considera o projeto do Sindicato revolucionário. “Sabemos que muitas instituições contentam-se com maquiagens e cenografias. Esta diretoria apostou em um trabalho sério, com base científica. E devemos estar todos orgulhosos porque é um trabalho pioneiro: pouquíssimas instituições no Brasil possuem seu acervo e sua memória extensivamente descritos em uma base de dados de qualidade arquivística, seguindo padrões internacionais”, garante.
Ex-diretor do Sindicato, árbitro Carlos Eugênio Simon recebe homenagem
Logo após a inauguração do arquivo e uma demonstração de como irá funcionar as pesquisas à base de dados, Simon recebeu das mãos de Bacelo uma placa em homenagem a sua trajetória esportiva e sindical.
“Na primeira vez em que fui dirigente, fiz parte desse sindicato com o Simon. Naquela época, a categoria fazia três greves por ano. Simon era um grande lutador político. Poucos na diretoria vinham de bancos privados, e ele era um”, conta Bacelo. O presidente do SindBancários ainda lembrou momentos como invasões a agências do Unibanco, em que as bobinas das calculadoras eram retiradas e utilizadas como serpentinas para empolgar os colegas bancários.
Simon subiu no palanque muito bem humorado, e lembrou da época em que Bacelo era diretor de Esportes e ele, suplente da diretoria. “Fizemos uma parceria muito boa”, garante o árbitro. “Esse sindicato é parte da minha história, foi aqui que aprendi a fazer política. Aqui conheci minha esposa, a Márcio, que era do Cpers. Passei muito tempo descendo e subindo essa ladeira com jornal em baixo do braço. Não sei se corri mais dentro do campo ou em alguma passeata que fizemos”, afirma o árbitro.
“Nunca abandonei a luta dos trabalhadores. Fui eleito presidente do Sindicato dos Árbitros, e consolidei, com outros colegas, uma entidade forte, que hoje pode enfrentar qualquer federação, olhando no olho dos seus dirigentes”, conclui Simon, que entregou quatro livros para fazerem parte do acervo do Arquivo Histórico.
Confira o que diz a placa:
Ao companheiro
CARLOS EUGÊNIO SIMON
O SindBancários presta sua homenagem e reconhecimento por sua trajetória esportiva e de dirigente sindical
A sua contribuição, no período de 1987 a 1995, fortaleceu a luta dos bancários, com muita garra, respeito, dedicação e dignidade.
Porto Alegre, 21 de maio de 2010.
SindBancários