Valor Econômico
Vanessa Dezem, de São Paulo
O Banco do Brasil está sendo preparado para uma situação clara de redução de juros, afirmou ontem o vice-presidente de finanças da instituição, Ivan Monteiro. Ele prevê um cenário de continuidade da redução da inadimplência no setor financeiro para o ano que vem.
Em evento em São Paulo, Monteiro e o presidente do banco, Aldemir Bendine, reafirmaram sua confiança em um cenário positivo para a economia brasileira em 2010, com as taxas de inadimplência “apresentando um comportamento lateral ou de queda”, como disse Bendine. Ao mesmo tempo, há perspectivas de uma tendência de redução da margem de retorno dos bancos brasileiros.
“Temos que trabalhar para melhorar a eficiência e acredito que vamos assistir a um movimento de parcerias entre bancos para haver ganhos de escala”, disse. As parcerias consistem na conversa com bancos concorrentes para uma união em plataformas de “back office” e para a prestação de serviços.
“Nossa área de novos negócios já estuda esses movimentos, que devem apresentar aceleração nos próximos anos”, afirmou Bendine, citando o exemplo da ineficiência que se observa nos caixas eletrônicos, que, em sua maioria, atendem a uma só instituição.
O BB estima que a emissão de ações atualmente estudada pela instituição possa gerar um crescimento do “free float” (quantidade de ações em circulação no mercado) para o nível de 26% do capital.
Hoje o free float do BB está em 21,7%. Pelas exigências do regulamento do Novo Mercado da BM&FBovespa, o banco tem um prazo até 28 de julho de 2011 para chegar ao patamar de 25%.
Segundo Monteiro, a oferta será realizada por meio de emissão secundária. “Se for somente primária, não dá para atingir os 25%. O controlador tem que abrir mão de algo”, disse o executivo.
Os naturais vendedores de participação, segundo ele, seriam o Tesouro, que detém 66% das ações do banco, e o BNDESPar, com cerca de 2%. A Previ (fundo de pensão dos funcionários do BB) que detém 10%, não vai participar da venda, como explicou Monteiro.
Em relação às operações internacionais, Bendine disse estudar a compra de uma estrutura física de instituições que estão nos Estados Unidos e querem sair do país. O banco aguarda autorização das autoridades americanas para expandir sua área de varejo nos EUA.
“Enquanto isso não sai, acreditamos que a compra de estrutura seria um passo”, afirmou o executivo. Para a Europa, o Banco do Brasil pensa na criação de uma entidade jurídica em Viena, capital da Áustria, que centralizará as operações europeias do banco.
Mesmo sem ter ainda fechado o orçamento para o ano que vem, o BB prevê crescimento de 20% em sua carteira de crédito em 2010.