O HSBC alcançou no primeiro trimestre deste ano o lucro global de US$ 6,8 bilhões. O valor superou a expectativa dos investidores que era 25% menor, US$ 5,8 bilhões.
O resultado, no entanto, podia ter sido maior se o banco não tivesse colocado em prática uma estratégia que inclui economia de custos e fechamento de 14 mil postos de trabalho desde o ano passado, como parte da investida pelo aumento da lucratividade promovida por seu principal executivo, Stuart Gulliver.
“Os números, embora positivos, foram alcançados com o chamado ganho de eficiência e redução de despesas, o que significa diminuição de pessoal. O que temos presenciado é uma grande quantidade de demissões e isso compromete a qualidade do serviço aos clientes e a qualidade de vida dos trabalhadores, cada vez mais pressionados para o cumprimento de metas abusivas”, critica Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT.
No Brasil, as condições de trabalho não são diferentes. “O peso da diminuição das despesas recai também sobre os trabalhadores, piorando cada vez mais as condições de trabalho no país. Recebemos denúncias de inúmeras situações como agências sem tesoureiro, redução do número de caixas e agências funcionando sem a presença de gerente administrativo, ocasionando um grande acúmulo de funções e tarefas”, ressalta Miguel.
“Quanto à retração da carteira de crédito, podemos afirmar que não é em razão da inadimplência, mas sim em razão da necessidade de aumento de capital próprio para garantir a alavancagem do HSBC no Brasil, de acordo com as normas do acordo Basiléia 2”, aponta o dirigente sindical.
Outro problema é que a média de provisionamento do HSBC é de até duas vezes maior do que dos demais bancos, o que acaba por diminuir o lucro líquido divulgado e por vezes comprometendo a PLR dos funcionários. “Esta é uma política mais do que conservadora da empresa”, afirma Miguel.
Assim, o funcionário do HSBC acaba sendo pressionado de todos os lados. “Ao mesmo tempo em que o bancário é cobrado para cumprir metas abusivas, o banco possui uma política que é restritiva no financiamento. Assim, o trabalhador faz seu papel, mas na hora de concluir a operação de crédito o banco nega o financiamento ao cliente, o que acaba impactando também negativamente no programa de remuneração variável para a área gerencial, o PSV”, ressalta o dirigente da Contraf-CUT.
América Latina
Na América Latina, o lucro antes de impostos do HSBC alcançou US$ 604 milhões no primeiro trimestre, o que significa 11% superior ao registrado em igual período do ano passado. Em relação aos custos, o banco disse que conseguiu uma redução de gastos de US$ 60 milhões na região. Também cortou 3 mil postos de trabalho, o que é lamentável.
Maior lucro fora da Europa e América do Norte
O HSBC, que obtém mais de 75% de seus lucros fora da Europa e da América do Norte, se recuperou mais solidamente da crise financeira de 2008 do que muitos de seus concorrentes, ajudado por sua presença em mercados emergentes de crescimento mais acelerado.
O banco pretende também elevar o retorno sobre o patrimônio para mais de 12% até o fim de 2013. O retorno sobre o patrimônio, indicador fundamental da lucratividade, ficou em 6,4% embora em termos ajustados tenha ficado mais próximo de 11%.