HSBC estima alta de 40% no crédito imobiliário

iG São Paulo
Nelson Rocco

Com planos de elevar a participação dos negócios brasileiros no banco em relação aos globais, Conrado Engel, presidente do HSBC Bank Brasil, prevê aumento nas operações de crédito de cerca de 20%, com ênfase na concessão de recursos para financiamento habitacional, área que deve registrar alta de 40% em todo o sistema financeiro nacional. “Queremos uma parte disso”, afirma Engel. No ano passado, a carteira de crédito da instituição chegou a pouco mais de R$ 40 bilhões.

Engel projeta crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) do País neste ano de 5,6%, podendo chegar a 5,8%, mostrando reversão na queda de 0,2% que o Brasil amargou no ano passado. As estimativas do HSBC superam, inclusive, a média do setor, que na última pesquisa macroeconômica divulgada pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), na semana passada, elevou as projeções de alta do PIB de 5,3% um mês antes para 5,5%.

Engenheiro em aeronáutica formado pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Engel tem 52 anos e está no HSBC desde 2003. De janeiro de 2007 a maio de 2009, ficou baseado em Hong Kong, onde comandou a área de varejo do banco na Ásia e Oceania. Assumiu o cargo de presidente do HSBC Bank Brasil em junho de 2009.

Nascido em Concórdia, em Santa Catarina, Engel iniciou a carreira no Citibank, passou pelos bancos Nacional e Unibanco e depois foi para a financeira Losango. Chegou ao HSBC com a compra da Losango pelo banco, em outubro de 2003.

O presidente do HSBC concedeu esta entrevista ao iG após almoço com executivos na Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista. Acompanhe também pela iGTV.

iG – Quais são os planos do HSBC no Brasil para este ano? Em quais áreas vocês planejam crescer mais?
Conrado Engel – Temos planos de crescer no mercado crédito imobiliário, porque a participação do crédito imobiliário no PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil é pequena. Estamos projetando que esse mercado irá crescer na faixa de 40% neste ano e queremos uma parte disso. Também vamos crescer no mercado que a gente chama de “premier”. Vamos abrir de 14 a 15 agências neste ano.

iG – O crédito de forma geral deve crescer quanto neste ano?
Engel – Nossas carteiras de crédito devem crescer por volta de 20%.

iG – Com esse aumento no crédito, a carteira total do banco deve chegar a quanto no final do ano?
Engel – Em torno de 20%.

iG – No ano passado, o HSBC mundial vendeu uma carteira de crédito de veículos. Queria saber se no Brasil vocês atuaram nessa área de compra e venda de carteiras durante a crise?
Engel – Compramos diversas carteiras. Mas sempre de acordo com uma ação muito clara do Banco Central em cima disso para permitir maior fluxo de liquidez no mercado. Obviamente, a liquidez do mercado em geral melhorou muito e esses negócios ficaram muito mais restritos.

iG – Durante a crise, quando os bancos de pequeno porte estavam com problemas de inadimplência, vocês chegaram a avaliar um banco para comprar?
Engel – Não, não chegamos, porque nosso foco é o crescimento orgânico. Entendemos que temos um espaço grande para crescer com a infraestrutura que nós temos. Não chegamos a avaliar nenhum banco.

iG – O ano passado foi um ano difícil para vocês?
Engel – Foi um ano difícil, com a economia brasileira com crescimento de quase zero como um todo. Foi um ano de ajustes. Começou com o primeiro quadrimestre com uma perspectiva um pouco mais sombria, mas ao longo do segundo semestre, especialmente no último quarto, começou a haver claros sinais de uma melhora rápida, que continuou no primeiro trimestre deste ano. As perspectivas são positivas.

iG – Qual é a posição do banco em relação à atuação nos países emergentes?
Engel – Nos próximos três anos, os países emergentes vão representar 60% dos negócios do banco. Hoje não é assim. Se considerarmos com os Estados Unidos antes da crise, os emergentes representam 50% no máximo. Mas nos próximos três anos prevemos que cheguem a responder por 60% dos nossos negócios.

iG – Qual é representatividade do Brasil em relação aos negócios mundiais do banco?
Engel – O Brasil está hoje entre os cinco maiores contribuidores para os negócios do HSBC. A meta é ficar um pouco acima, ganhar alguns pontos.

iG – Qual é a participação de mercado do HSBC no Brasil?
Engel – Depende do produto, mas pode-se dizer que temos de 5% a 6% do mercado brasileiro. A gente espera crescer 1 ponto ou 1,5 ponto nos próximos três anos.

iG – Esse aumento se dará principalmente em quais áreas?
Engel – Na pessoa física, cartão de crédito, crédito imobiliário, operações com clientes especiais como o “premier”, na pessoa jurídica, em que possamos usar nossa estrutura global, em que podemos participar de todos os nichos de investimentos que veem acontecendo no Brasil, como repasses do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

iG – A operação brasileira do HSBC recebeu um aporte da matriz no ano passado de R$ 1 bilhão. Há planos para uma nova injeção de recursos para este ano?
Engel – Não há planos. Pelas nossas projeções, o aumento de capital nos permite crescer como estamos projetando, mantendo índices adequados de Basileia. Mas, obviamente, se precisarmos mais, a matriz está disposta a fazer novos aumentos de capitais. Mas neste ano não há previsão de aumento de capital.

iG – Qual sua expectativa em relação à economia brasileira? Quanto vocês estão projetando de crescimento do PIB para este ano?
Engel – Nossa projeção de crescimento para o PIB deste ano é por volta de 5,6%. Erro, se houver, vai ser para cima. Pode ser 5,8% ou um pouco mais.

iG – Qual a expectativa com relação à taxa de juros?
Engel – Estamos projetando aumento de 3 pontos, 3,5 pontos percentuais, chegando em dezembro a 12%, 12,25%.

iG – E para o ano que vem o banco já têm uma projeção?
Engel – Esperamos manutenção nos mesmos níveis de dezembro deste ano.

iG – O Banco Central está dando um aperto no compulsório dos bancos. Para o HSBC isso significa algum aperto no crédito?
Engel – Não, isso não significa aperto no crédito. O que já aconteceu é que o custo médio de captação dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) aumentou. Subiu dois a três pontos em relação ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário). O mercado está falando que até o início de abril mais de R$ 60 bilhões serão recolhidos ao Banco Central. Por isso aumentou o custo médio de captação dos CDBs.

iG – Mas esse enxugamento não irá afetar as linhas de crédito do banco?
Engel – Absolutamente não.

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