HSBC é acusado de financiar desmatamento de florestas na Malásia

Conhecido por suas ações ambientais no setor financeiro, o banco britânico HSBC é acusado pela organização ambientalista Global Witness de financiar o desmatamento de florestas tropicais em Sarawak, na porção malasiana da ilha de Bornéu.

Relatório divulgado pela ONG, intitulado “No futuro, não sobrarão florestas”, diz que o banco violou suas próprias políticas de sustentabilidade ao conceder serviços financeiros a empresas ligadas a desmatamentos em grande escala na região.

O grupo analisou informes financeiros públicos de sete das maiores empresas de desmatamento e plantio de palma de Sarawak e mapeou empréstimos e outros serviços financeiros do HSBC que devem ter gerado US$ 116 milhões em juros e US$ 13,6 em taxas administrativas dos empréstimos concedidos desde 1977.

“O HSBC financiou algumas das empresas que mais desmataram em Sarawak e, em alguns casos, foi responsável pelo primeiro empréstimo para que elas decolassem seus negócios”, afirmou Tom Picken, líder da campanha de florestas da ONG, que atua há 17 anos na Ásia.

O banco britânico negou as acusações, mas alegou confidencialidade e não forneceu detalhes de suas operações no país. “Consideramos o engajamento, e não a exclusão, a forma de um banco responsável agir”, respondeu em nota à imprensa. E acrescentou que “vai parar de trabalhar com empresas que não tenham progressos críveis”, embora em alguns casos “somos obrigados a esperar até que o empréstimo expire”.

A ONG detalhou de que forma os clientes do HSBC furaram a política florestal do banco, adotada em 2004. Essa política determina o rompimento de contratos com clientes que não tenham ao menos 70% de suas operações certificadas pelo Forest Stewardship Council (FSC) ou alguma certificadora equivalente até 2009, sendo o restante da área comprovadamente legal. “Mas nenhuma das companhias investigadas possui um certificado sequer”, afirma o relatório. “Até hoje”.

Malásia e Indonésia são os maiores produtores de óleo de palma do mundo, mas a cultura se espalhou na região às custas de desmatamentos de florestas tropicais – Sarawak teve mais de 90% das suas florestas derrubadas. Usado por indústrias de alimentos, químicas e de cosméticos, a commodity é o óleo vegetal mais comercializado no mundo.

O HSBC é signatário dos Princípios do Equador, que assume critérios socioambientais para algumas operações de empréstimo, e foi um dos primeiros bancos a implementar uma auditoria externa para averiguar os projetos. Também desenvolve parceria com a WWF no programa “HSBC Climate Partnership”, no qual US$ 100 milhões são investidos para o fornecimento de água limpa para 30 milhões de pessoas.

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