HSBC despreza negociação com bancários e provoca confronto no Rio

O Dia do Luto no HSBC, nesta sexta-feira, dia 30, teve algumas ocorrências desagradáveis na base da Federação dos Bancários do RJ/ES. O banco não concorda em negociar a revisão dos valores de PLR e tem levado o movimento sindical a realizar uma série de atividades em protesto contra a PLR rebaixada.

No Rio, o sindicato, com apoio da Cia. de Emergência Teatral, fez uma manifestação com o enterro do presidente do banco, Conrado Engel, no hall eletrônico da agência Rio Branco, no centro financeiro da cidade. Tudo ia bem até que um funcionário do departamento de segurança do banco, sozinho, tentou tirar o caixão da agência, confrontando os manifestantes.

Houve confusão e empurra-empurra até que o funcionário foi conduzido para fora da agência por um dirigente, para evitar a pancadaria. “Ele deve ter sido muito pressionado por seus superiores para agir assim. Ninguém, em sã consciência, toma uma atitude dessas, sozinho. Devem ter ameaçado até demiti-lo se ele não fizesse alguma coisa para acabar com a manifestação”, especula Vinícius Codeço, diretor da Federação e funcionário do HSBC, que estava no local no momento do confronto.

Em Niterói, houve manifestação em frente à agência Centro Niterói, com marcha fúnebre tocada ao vivo por uma bandinha, caixão com enterro simbólico do presidente do banco, faixa preta na entrada, denunciando o calote da PLR. A atividade contou também com um personagem, o Zé Caveirinha, o bancário explorado.

Foi feita também a distribuição do doce pé-de-moleque, simbolizando a molecagem do banco, que manipulou o balanço para reduzir o valor da PLR dos funcionários, mas remunerou os acionistas e a alta direção com base no lucro cheio. Os dirigentes do sindicato discursaram no interior da unidade, atraindo a atenção de todos os bancários e dos clientes.

As atividades desta sexta-feira foram definidas em reunião da Comissão de Empresa do HSBC, que orientou os sindicatos a fazerem uma série de movimentações em protesto contra a PLR rebaixada. “Foi acertado definir um calendário sistemático e contínuo de atividades, pois, só assim, conseguiremos derrotar a intransigência do banco, vencendo pelo cansaço”, avalia Rubens Branquinho, representante da Federação na COE. O dirigente orienta os sindicatos filiados a manterem a mobilização até que se consiga arrancar uma proposta de PLR mais justa para os funcionários do HSBC. “Semana que vem tem mais”, anuncia Branquinho.

Bola fora

O banco, sabendo da programação do Dia de Luto dos bancários, pressionou seus empregados a não aderirem à manifestação. Em teleconferência, os executivos orientaram os gestores das unidades a determinarem que seus subordinados deveriam usar roupas com as cores da bandeira brasileira ou de seu time de futebol, como já acontece eventualmente. No Rio de Janeiro, alguns bancários, torcedores do Botafogo, driblaram o assédio moral do banco de maneira criativa: usaram as camisas do uniforme nº 2 do time, que são pretas.

Blefe não cola

Na quarta-feira, dia 28, o Seeb Rio seguiu a orientação da COE e fechou diversas agências do banco por 24 horas. A unidade localizada dentro do Shopping Rio Sul, um dos maiores e mais tradicionais da cidade, foi fechada pela segunda vez em sua história. Mas não foi fácil. O dirigente da Federação Vinícius Codeço esteve no local coordenando a atividade e teve que enfrentar a segurança do shopping e a PM, e por pouco não acabou preso. “O HSBC tem que obedecer a uma norma do Rio Sul que diz que, se houver manifestação na agência, o banco terá que pagar uma multa ao condomínio”, esclarece o dirigente.

Com a paralisação em curso, a segurança do shopping chamou a PM. O policial, o representante da segurança do condomínio, o gerente geral da agência e o dirigente sindical se retiraram para uma sala para negociar. O gestor da unidade informou que tinha um interdito proibitório que impedia as manifestações e o dirigente pediu para ver o documento.

Em seguida, Codeço fez um acordo com a PM: a agência seria aberta por 45 minutos e, ao fim deste prazo, o gerente teria que mostrar a liminar de interdito. Se isso não acontecesse, a agência seria novamente fechada. Como não havia nenhum documento da Justiça, a unidade voltou a suspender o atendimento, ficando assim até o fim do expediente bancário.

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