O Sindicato dos Bancários de Angra dos Reis fez uma paralisação de 24 horas na agência do HSBC de Seropédica na última segunda-feira (03) em protesto contra a demissão de cinco bancários da unidade.
Eles estavam em seu local de trabalho no momento em que a família do tesoureiro estava em poder de assaltantes que haviam seqüestrado toda a família na noite anterior. O crime aconteceu em 30 de julho e o bancário que foi vítima do seqüestro está afastado do trabalho, com benefício acidentário do INSS por sofrer de stress pós-traumático.
Os cinco demitidos souberam da dispensa por acaso. Na quarta-feira, dia 29, todos os empregados da agência passaram por exames médicos periódicos. Na manhã de quinta-feira, 30, uma ligação da clínica que fez os exames convocou o gerente-geral, a gerente administrativa, a gerente de Pessoa Jurídica, a gerente de Pessoa Física e um caixa para fazerem ressonâncias magnéticas com fins demissionais. A informação de que seriam demitidos chegou exatamente três meses depois que o tesoureiro da unidade e sua família foram seqüestrados por assaltantes, que conseguiram levar R$ 270 mil como resgate para libertar a mulher e os dois filhos do tesoureiro.
Por coincidência, todos tinham exames marcados para o dia seguinte, uma vez que o Sindicato dos Bancários de Angra dos Reis vinha insistindo para que os funcionários procurassem o INSS para requerer afastamento por acidente de trabalho, pois todos tinham sintomas claros de stress pós-traumático. Como ainda não havia chegado nenhum comunicado oficial da dispensa, os bancários se encaminharam para os postos de saúde e consultórios médicos para fazer os exames e obtiveram licença para afastamento do trabalho. “Eles não quiseram fazer o exame na época do seqüestro, com medo de serem demitidos. Nós insistimos muito e eles acabaram aceitando. Foi bom ter acontecido agora, já que todos obtiveram a licença médica”, avalia Jorge Valverde, presidente do Seeb-Angra.
Protesto
Na segunda-feira, dia 03, o Sindicato dos Bancários de Angra dos Reis fez uma paralisação de 24 horas na agência para protestar contra as demissões. O supervisor regional do HSBC, responsável pela área, Marcelo Carvalho, foi ao local e monitorou toda a manifestação. Ele disse aos dirigentes sindicais que não havia motivos para suspender o funcionamento da unidade. “Não aconteceu nenhuma demissão”, argumentava o executivo. Segundo Carvalho, se alguma ordem de demissão havia, tinha partido de Curitiba, sede do banco, e não havia passado pela regional. Mas, naquela mesma tarde, chegaram pelo correio às cartas de demissão de dois dos cinco que foram convocados para os exames demissionais.
A população, ao invés de se irritar com a paralisação, foi solidária. Além de o seqüestro ter sido notícia na cidade, os clientes e usuários conheciam os bancários que seriam demitidos, já que todos eram funcionários antigos do banco.
Alvos preferenciais
O grande motivo de todo o stress foi que, antes do tesoureiro ser seqüestrado, houve três tentativas de seqüestro: o antigo tesoureiro quase foi pego pelos assaltantes duas vezes e acabou sendo afastado do trabalho e, mais tarde, transferido para outra agência; e o gerente-geral foi cercado por bandidos, mas conseguiu fugir. Na mesma noite do seqüestro do tesoureiro, a gerente de Pessoa Jurídica era o alvo, mas, como ela vinha usando roupas largas nos dias anteriores, os bandidos suspeitaram de que ela estivesse grávida e desistiram de capturá-la. Como eles, na mesma noite, conseguiram pegar o tesoureiro e sua família, ficou claro que todos os bancários estavam sendo observados. Desde então, os trabalhadores passaram a sofrer de transtornos psicológicos em razão do medo de serem vítimas dos criminosos. Apenas 42 dias antes do seqüestro, também já tinha havido um arrombamento na unidade, de onde foi levado um cofre repleto de moedas.