A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que há no país uma ofensiva contra os movimentos sociais "inaceitável", após ir ao Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, para ajudar a liberar um grupo de 73 mulheres detidas, acusadas de gritar palavras de ordem contra os deputados Jutahy Magalhães (PSDB-BA) e Tia Eron (PRB-BA), que votaram a favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Elas vinham de Salvador para participar da Conferência Nacional de Políticas para Mulheres, aberta nesta terça-feira (10). Todas já foram liberadas.
“Não queremos que ninguém seja importunado pelas suas opiniões políticas, mas não podemos aceitar que parlamentares que fizeram falsas denúncias tenham sido liberados. Há uma repressão aos movimentos sociais que é inaceitável", disse a deputada. "Essas mulheres, jovens, idosas, negras, trabalhadoras do campo e da cidade, que vem à Conferência tiveram que ficar aqui presas, quanto tudo isso foi aumentado pela atitude de alguns parlamentares.”
A confusão começou quando as mulheres começaram a se manifestar contra o impeachment da presidenta. Os deputados acionaram o comandante que, por sua vez, chamou a Polícia Federal. As mulheres ficaram trancadas no avião até que a PF chegasse e foram conduzidas coercitivamente até a sala da corporação no aeroporto.
As deputadas Maria do Rosário, Moema Gramacho (PT-BA) e Alice Portugal (PcdoB-BA) se dirigiram ao local, mas não tiveram acesso ao grupo até que elas fossem liberadas. “São profissionais liberais, trabalhadoras e donas de casa que fizeram apenas uma manifestação de opinião, sem nenhuma violência. Temos vídeos e eles nos servirão contra essa ação”, afirmou Moema.
“Vocês chegaram com luta em Brasília. Aqui querem dar um golpe na primeira mulher eleita presidenta da República. Vocês estão aqui para juntas lutarmos pelo direito de todas as brasileiras, para lutarmos contra esse golpe e para defendermos um Brasil livre. Somente a resistência das mulheres é capaz de derrotar os golpistas”, disse Maria do Rosário, quando as mulheres foram liberadas.
Ela criticou o fato de os deputados que denunciaram as delegadas da conferência não terem sido nem sequer questionados sobre o fato. “O que nos incomoda é que vocês foram hostilizadas por parlamentares que foram liberados. Se é o caso de vocês terem de dar explicações, era para que os parlamentares que se sentiram incomodados e que incomodaram vocês ficassem aqui também. Essas mulheres foram vítimas.”