Defesa dos bancos públicos também foi aprovada no grupo
Cláudia Motta e Carlos Vasconcellos
Rede de Comunicação dos Bancários
Um dos quatro grupos de trabalho da 12ª Conferência Nacional dos Bancários ficou responsável pelo debate sobre o Sistema Financeiro Nacional. A reunião aconteceu na tarde deste sábado, 24, e debateu a necessidade de regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal, a democratização do sistema financeiro, mais crédito com redução da taxa de juros e das tarifas, a defesa dos bancos públicos, ampliação do Conselho Monetário Nacional (CMN) e a imposição de limites para o banco Central.
Essas propostas vieram das conferências regionais e foram tratadas nesta sexta-feira, 23, primeiro dia da conferência, nas palestras de especialistas convidados, entre eles o professor de economia da PUC-SP, Carlos Eduardo Carvalho.
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“Os trabalhadores bancários, demonstrando compromisso com a sociedade, fizeram uma discussão profunda e detalhada de um modelo de sistema financeiro que tenha por objetivo um país mais justo e no qual o crédito seja um fator de desenvolvimento e geração de emprego e renda, e não de enriquecimento para poucos”, afirma Marcel Barros, secretário-geral da Contraf-CUT.
A Contraf-CUT está reiniciando discussão sobre o projeto criado pela categoria em 1992, através da antiga Confederação Nacional dos Bancários (CNB), que regulamenta o artigo 192. Entre os objetivos, está a democratização do sistema, de forma que os trabalhadores, assim como outros setores da sociedade, participem da definição de itens fundamentais para a economia do país e que hoje são decisões tomadas somente pelos técnicos do Banco Central, a exemplo da taxa de juros.
A regulamentação do setor é um consenso entre todos os trabalhadores. Mas a diretora do Sindicato de São Paulo, Ivone Maria da Silva, destacou que essa regulamentação deve levar em conta, também, a questão dos empregados de todo o ramo financeiro. “Hoje os sindicatos só discutem uma fatia dos funcionários do setor e precisamos debater isso: a organização da categoria no ramo financeiro como um todo e a regulamentação de tudo isso com leis. Temos de avançar nesse debate e estamos num momento propício para isso”, disse a dirigente. Ivone citou a crise financeira internacional provocada pela falta de regulação do setor que permitiu aos bancos internacionais, por exemplo, manter nas alturas os bônus dos seus executivos, apesar dos problemas nos seus ativos.
Para isso, as entidades sindicais propõem a participação dos trabalhadores na definição da resolução do Banco Central que pretende regrar a remuneração desses executivos nas instituições financeiras. “Isso tem de ser revisto e é consenso no mundo todo”, destaca Ivone.
O diretor do Sindicato do Rio, Ronald Carvalhosa, disse que é preciso qualificar o debate na categoria. “Se queremos regulamentar o artigo 192 da Constituição Federal para garantir o controle social do sistema financeiro, precisamos nos preparar política e tecnicamente para debater esta questão com a sociedade”, disse o sindicalista.
Sérgio Amorim, dirigente sindical do Rio, falou sobre o momento econômico favorável para o debate sobre o tema. “A conjuntura pós-crise permitiu este debate na sociedade, que está avançando nos EUA e em vários países da Europa. Ganha força no mundo capitalista a idéia de que é preciso definir limites e compromissos para o capital, a fim de garantir a estabilidade econômica no mundo”, ressalta.
O debate do grupo de trabalho será sistematizado e levado para apreciação da plenária geral que acontece neste domingo 25, para definir os pontos que farão parte da pauta de reivindicações a ser entregue aos banqueiros no mês de agosto.