Paralisação não é só por reajuste, mas também por condições dignas de trabalho
Mais de 18 mil bancários de 580 locais de trabalho, sendo 9 centros administrativos, aderiram nesta quinta-feira 19 à greve nacional na base territorial do Sindicato dos Bancários de São Paulo no primeiro dia de mobilização. Em todas as unidades paralisadas, os clientes puderam ter acesso normal aos serviços do autoatendimento.
No país, segundo dados da Contraf-CUT, foram 6.145 locais de trabalho de bancos públicos e privados em 26 estados e no Distrito Federal. São 1.013 unidades paralisadas a mais que no primeiro dia da greve do ano passado (5.132), crescimento de 19,73%.
“Todos os bancários têm de fortalecer a mobilização, conversar com colegas, inclusive de outros bancos, para ampliar cada vez mais a paralisação. Todos os bancários têm de entrar nessa luta para mostrarmos aos bancos que não encerramos essa campanha se não houver aumento real, valorização no piso e vales, PLR maior, e medidas que garantam condições dignas de trabalho”. A convocação é da presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, logo nas primeiras e chuvosas horas da greve.
Na capital e no centro de Osasco, a paralisação foi iniciada nas agências. Na zona norte fecharam unidades dos corredores da Rua Voluntários da Pátria, Tucuruvi e Guilherme Cotching. Na sul, região da Avenida Ibirapuera; na zona oeste pararam os corredores das ruas Cunha Gago, Teodoro Sampaio, Pedroso de Moraes, Fradique Coutinho, dos Pinheiros e Avenida Rebouças. Na leste, Jardim Anália Franco, Brás, Vila Prudente, Itaquera, Penha, Via Anchieta e Itaim Paulista. Bancários dos centros velho e novo de São Paulo e do centro de Osasco, além do corredor da Avenida Paulista, também paralisaram as atividades.
Paulista
Assim como em todas as regiões, a da Paulista registrou fechamento de bancos de todas as bandeiras e os bancários realizaram o trabalho de esclarecimento da população. Houve evidências de contingenciamento na Estilo do BB.
Após efetuarem telefonemas para gerentes, três funcionárias foram deslocadas para a Rua Pamplona, a poucas quadras dali. Alguns bancários foram obrigados a entrar antes das 6h. Uma que trabalha na área de alto rendimento saiu de táxi para realizar visita a um cliente.
Apesar do caráter pacífico da paralisação, houve presença da polícia em frente à agência BB Estilo.
Em uma unidade da Caixa, todos os funcionários aderiram e muitos permaneceram no local para dialogar com os clientes sobre os motivos. “É uma situação limite, mas foram os bancos que nos impuseram isso. Esclarecemos à população que a greve é um direito e que nossa reivindicação é justíssima”, relatou uma funcionária.
Outro, também da Caixa, afirma que a greve é uma resposta à Fenaban. “Muitos de nós estivemos nas assembleias dos dias 12 e 18 para aprovar e organizar a greve. A proposta da Fenaban é uma ‘palhaçada’. Também sofremos com a falta de funcionários aqui na agência, ficamos sobrecarregados”, afirmou. Lá trabalham 80 funcionários e, segundo eles mesmos, 120 seriam necessários para suprir as demandas dos clientes.
Osasco
Em Osasco e cidades adjacentes, 78 agências e uma concentração também amanheceram paradas. “Esse aumento é ridículo. O banco lucra quase R$ 14 bilhões e reajusta essa esmola para os trabalhadores. A gente construiu esse lucro e temos direito sobre ele também”, critica um bancário do Itaú.
Como na Paulista, houve tentativas deliberadas dos bancos para minar a mobilização. “Minha agência foi fechada, mas já me ligaram para ir trabalhar em outra unidade que conseguiu driblar a greve. Eu acho errada e desrespeitosa essa atitude de contingenciamento do banco porque greve é greve e ninguém deve trabalhar.”
A postura vai no sentido contrário do espírito de participação, segundo a opinião de uma bancária da Caixa. “Este ano o pessoal parece estar mais engajado. O sentimento é que ‘dá pra fazer’. Acho que se não fizer greve, as coisas não acontecem”, acredita.
Calendário
O início do movimento foi decidido em assembleia realizada na Quadra dos Bancários no dia 12 em resposta à proposta de índice 6,1%, sem aumento real, feita pela federação dos bancos (Fenaban) para reajustar salário, piso e verbas como os vales refeição e alimentação.
O Sindicato orienta os trabalhadores a se dirigirem às regionais e à sede da entidade caso necessitem de faixas e cartazes para ampliar a mobilização.
O calendário prevê, ainda, assembleia na segunda 23 e passeata na terça 24. Há também agendadas reuniões do Comando de Greve, integrado por dirigentes do Sindicato, da Fetec-CUT/SP, da Contraf-CUT, cipeiros de todos os bancos, delegados sindicais da Caixa Federal e do Banco do Brasil