Justin Baer e Francesco Guerrera, de Nova York
Andrew Harrer
Goldman Sachs, J.P. Morgan Chase e outros grandes bancos estão se preparando para uma nova reação pública e política contra seus planos de remuneração, uma vez que vão anunciar pacotes de bonificações multibilionários.
Pressionados pelo governo dos Estados Unidos, os bancos já estão dizendo que vão distribuir aos funcionários a menor porcentagem de suas receitas anuais em anos. Mas os números brutos ainda são grandes o suficiente para provocar a ira pública, ao mesmo tempo em que provocam a discórdia interna entre operadores e banqueiros que tiveram uma parcela maior de suas bonificações adiada.
Uma amostra da fúria política que deverá acompanhar a safra de bonificações foi dada ontem por uma figura influente em Washington. Andy Stern, presidente do sindicato Service Employees International Union, disse: “Eles esvaziaram Fort Knox à luz do dia. Nós os resgatamos e eles recebem US$ 150 bilhões em bônus.”
Suas palavras refletem as de Dan Pedrotty, diretor do departamento de investimentos da federação sindical AFL-CIO, que disse que os executivos estão usando seus bancos como “caixas de atendimento automático”.
Os lucros das instituições de Wall Street aumentaram no ano passado com a reabertura dos mercados de títulos de dívida e a recuperação do mercado de ações.
A possibilidade de pagamentos próximos de níveis recordes tão cedo, depois que a indústria dos serviços financeiros pareceu rumar para o colapso se não tivesse a ajuda do governo, desencadeou uma onda de protestos públicos, encorajou políticos e atormenta banqueiros, que reconhecem que os planos de compensação deste ano deixarão os críticos ultrajados e funcionários, decepcionados.
Enquanto isso, a resposta política de Washington à supertaxação das bonificações pelo governo do Reino Unido ganha vulto. Os planos de remuneração que Wall Street anunciará em breve não deverão dissuadir a administração Obama de seu esforço para conter as compensações.
Mas muitos bancos importantes pretendem anunciar este mês que suas relações totais de custos de remuneração sobre as receitas líquidas vão cair acentuadamente em relação ao ano anterior.
Para alguns bancos comerciais com grandes corretoras de valores, como o J.P. Morgan e o Citigroup, a “relação de compensação” provavelmente atingirá um nível histórico de baixa, segundo pessoas a par da situação.
Howard Chen, analista do Credit Suisse, prevê que as compensações do Goldman Sachs em 2009 vão corresponder a 42,8% de sua receita de mais de US$ 44 bilhões. Os bancos tradicionalmente pagam cerca de metade das receitas aos funcionários em salários, bonificações, seguros e outros benefícios.
Goldman quer que executivos doem lucros à caridade
Agências internacionais
O banco americano Goldman Sachs estuda pedir a seus executivos e principais diretores que dediquem parcela de seus lucros para caridade, segundo reportagem do diário americano “The New York Times”, publicada ontem. A iniciativa estudada pela instituição antes de pagar bônus aos executivos está entre as medidas da instituição para “amenizar as críticas” sobre os elevados bônus, que se situam em uma média de US$ 595 mil por empregado, chegando às vezes a uma quantidade muito superior, ressaltou o jornal.
Para pagar essas compensações a seus empregados mais destacados, o Goldman Sachs destinou US$ 16,7 bilhões nos primeiros nove meses de 2009. Mas, em anos anteriores à crise que surgiu em 2007, o banco chegou a dedicar até três quartos de sua verba para bônus a executivos, normalmente entregues ao final de cada ano.
O jornal menciona que o Goldman deve divulgar no final do mês que em 2009 lucrou em torno de US$ 12 bilhões, ante US$ 11,7 bilhões obtidos em 2007. Também se saberá o montante final que os 30 diretores mais destacados receberão em ações, embora o jornal ressalte que o banco não estabeleceu limites para essas compensações.
O “New York Times” indica que o programa de doações do Goldman foi estudado durante meses e poderia ser similar ao que há anos iniciou o falido banco de investimentos Bear Stearns, uma das vítimas da crise. Este pedia há alguns anos a seus mil empregados mais destacados que destinassem anualmente 4% de seus pagamentos a uma organização caridosa e até chegava a fiscalizar as declarações de impostos para comprovar que cumpriam com o pedido.
O Goldman, que já criou em 2007 um programa que fiscaliza as doações que seus funcionários fazem a esse tipo de organização, pagou naquele ano um bônus de US$ 68 milhões a seu presidente executivo-chefe, Lloyd Blankfein. Desde o começo da crise, os bancos e grandes empresas americanas ocuparam o centro da polêmica pelos elevados bônus pagos.