Valor Econômico
Assis Moreira, de Genebra
A Suíça acertou com a Grã-Bretanha um acordo inédito pelo qual os britânicos vão pagar impostos de forma anônima sobre o dinheiro que têm depositado nos bancos suíços, preservando assim o segredo bancário e excluindo a troca automática de informação entre os governos.
Estima-se que os britânicos tenham até US$ 200 bilhões depositados na Suíça, boa parte sem ter declarado ao fisco de seu país. O acordo poderá facilitar entendimentos agora com a Alemanha, que também tem interesse em reaver impostos em tempos de dificuldade financeira nas contas públicas. Com o segredo bancário sob forte pressão nos últimos dois anos, a Suíça teve de teve de assinar 16 acordos de troca de informações fiscais, para sair da “lista cinzenta” de paraísos fiscais elaborada pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e evitar sanções internacionais. Da América Latina, só tem acordo com o Uruguai.
Atualmente, o país negocia com outros 12 países, incluindo os EUA e o México. Mas os banqueiros defendem que tudo isso seja revisto e a Suíça proponha o mesmo acordo definido com a Grã-Bretanha. Alegam ser a melhor solução para todos. De um lado, faz pagar quem praticou evasão fiscal, não afeta o sigilo bancário e os governos recebem o imposto devido, por uma taxa a ser negociada.
Para os banqueiros, o sistema de troca automática de informação entre governos demora muito e nem sempre dá os resultados esperados pelas autoridades. Clientes da América Latina tem pelo menos US$ 210 bilhões depositados nos bancos suíços. Até agora, o Brasil não negociou acordo de troca de informações fiscais, sob as bases mais duras da OCDE.
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