Fraude no Cruzeiro do Sul é maior e já ultrapassa R$ 2,2 bilhões

O esquema fraudulento montado pelos donos do Cruzeiro do Sul, Luis Felippe Indio da Costa e Luis Octavio Azeredo Indio da Costa, pai e filho, foi ainda maior do que a Polícia Federal e o Ministério Público tinham conseguido apurar. O banco sofreu intervenção do Banco Central em julho de 2012 e, após tentativa frustrada de venda, teve a liquidação extrajudicial anunciada em 14 de setembro.

Documento do BC, a que a revista Istoé teve acesso, mostra que o rombo, que era estimado em R$ 1,3 bilhão, ultrapassa os R$ 2,2 bilhões. Segundo o relatório do BC, foram feitas 682 mil operações de empréstimos fictícios – o dobro do que a PF e o MP imaginavam – e houve desvio de recursos por triangulação e indícios veementes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

A Polícia Federal agora investiga o destino do dinheiro da fraude: se foram paraísos fiscais, contas de laranjas ou campanhas políticas, já que as investigações apontam o tucano José Serra e seu partido como grandes beneficiados por doações do Cruzeiro do Sul.

O banco doou quase R$ 12 milhões para políticos de diversas legendas nas eleições de 2006, 2008 e 2010, mas o mais beneficiado foi o PSDB.

Campanha de Serra

Em 2010, no auge das operações de fraude, o Cruzeiro do Sul injetou R$ 1,2 milhão na campanha de Serra à Presidência da República. O vice de Serra era o deputado federal Índio da Costa, do DEM, primo do presidente do banco.

No mesmo ano, a instituição financeira doou ainda R$ 1,8 milhão para o diretório nacional do PSDB, principal cofre da campanha de Serra a presidente. Outro R$ 1,3 milhão foi distribuído para diretórios tucanos empenhados na campanha de Serra.

Segundo a Istoé, o montante doado pelo Cruzeiro do Sul, um banco médio, equivale ao doado por gigantes do setor, como Itaú e Bradesco.

Ainda não é possível afirmar, no entanto, que o dinheiro que acabou nas campanhas eleitorais tenha vindo direto das operações fraudulentas dos banqueiros. Mas a PF já investiga essa possibilidade.

A reportagem da revista ressalta ainda que “com acesso político a chefes de governos estaduais e gestores de algumas autarquias federais, os diretores do Cruzeiro do Sul firmaram 237 convênios e chegaram a uma carteira de crédito consignado de R$ 500 milhões”. E esses convênios, com órgãos públicos de estados governados pelo PSDB, como Alagoas, Pará, Goiás, Roraima e Tocantins, permitiram que o banco explorasse até 30% da folha de pagamento de seus servidores.

Escutas

Há também suspeitas de monitoramento telefônico de fiscais do BC por parte da cúpula do Cruzeiro do Sul. O que também está sendo investigado pela PF.

O relatório do BC aponta ainda para possível omissão das auditorias KMG e Ernest&Yong, que acompanhavam a saúde financeira do Cruzeiro do Sul e não identificaram as irregularidades. Isso está sendo investigado pelo Ministério Público Federal, que determinará se houve erro de procedimento ou conivência dos auditores.

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