Mais da metade dos policiais militares da Bahia (56%) está atuando em Salvador e região metropolitana (3.866.004 de habitantes – IBGE, 2009), deixando para os outros 416 municípios um contingente de apenas 18 mil policiais.
Tamanha disparidade tem facilitado a ação de bandidos no interior baiano, sobretudo nas cidades com população entre 10 mil e 30 mil habitantes e onde, por conta desse e de outros fatores, como a falta de segurança privada, os assaltos a bancos e similares tornaram-se frequentes.
Este ano, na Bahia, já houve oito assaltos a bancos, sendo o mais recente em Candeal, na madrugada do último dia 12, quando 15 assaltantes utilizaram dinamite para invadir a agência do Banco do Brasil e estourar o cofre de onde levaram todo o dinheiro, cujo valor não foi revelado.
A explosão abriu um buraco na casa vizinha ao banco.
A agência não possui vigilante noturno nem circuito interno de câmeras.
Deficiências
No dia 1º de abril, no assalto ao BB de Mucugê, na Chapada Diamantina, seis homens invadiram a agência, por volta das 11 horas, e roubaram uma quantia não revelada.
Em cidades como Candeal e Mucugê, o contingente policial varia entre três e quatro homens por plantão. “Fica impossível tentar fazer alguma coisa com esse tanto de homens e com o armamento que possuem, diante do arsenal pesado dos assaltantes”, diz o major da PM Sílvio Correia, presidente da Associação de Oficiais da PM.
Em 2009, no Estado, ocorreram 44 assaltos a banco, sendo que apenas três deles foram em Salvador e o restante nas cidades do interior, segundo dados do Centro de Documentação e Estatística Policial (Cedep) da SSP. A maioria dos assaltos aconteceu na região de Feira de Santana, onde está sediada a 1ª Coordenadoria de Polícia do Interior.
Nesta coordenadoria, houve sete registros de assaltos a banco em 2009. As coordenadorias de polícia de Valença, sul da Bahia, e Itaberaba, Chapada Diamantina, registraram quatro assaltos a banco em cada uma.
Poderio bélico
O Cedep não informa valores roubados. O major Sílvio Correia denuncia que os PMs portam um revólver calibre 38 e se sentem acuados diante do poderio bélico dos bandidos, que usam fuzis AR-15, escopetas calibre 12, pistolas automáticas, metralhadoras.
“Há falta de coletes, viaturas, gasolina. Como é que o PM vai combater o assaltante nessa situação?”, questiona.
Precariedade da segurança privada
Outro problema que facilita a ação dos bandidos é a segurança deficiente dos bancos, os quais são obrigados pela Lei Federal 7.102/83 a apresentar planos de segurança todos os anos para a Polícia Federal (PF), que aprova ou não e recomenda alterações, caso necessite.
“Já autuamos vários bancos por conta de funcionarem sem o plano. Alguns têm colocado os itens opcionais de segurança, sendo o mais completo o BB. O que é preciso fazer é a população cobrar mais deles, bem como do poder público, no que se refere a ter mais policiais”, declarou o policial federal André Araújo, membro da comissão de vistoria de segurança da PF.