Fórum Social Mundial busca saídas para o colapso da ordem neoliberal

Mais de 60 mil brasileiros, entre os quais centenas de bancários, 30 mil estrangeiros de 150 países e cinco chefes de Estado da América Latina participam do Fórum Social Mundial 2009, que começou nesta terça-feira em Belém (PA) com o desafio de despertar consciências, discutir idéias e encaminhar propostas para serem colocadas em prática na busca por um novo modelo de desenvolvimento econômico mundial, neste momento em que o planeta enfrenta a sua pior crise em sete décadas. Veja aqui cobertura e análises do FSM.

Além da Contraf/CUT, que participa de quatro oficinas no FSM, estão presentes em Belém as federações de bancários de São Paulo, Centro-Norte, Nordeste e Rio Grande Sul, além dos sindicatos do Pará/Amapá, São Paulo, Porto Alegre, Brasília, Ceará, Pernambuco, Cuiabá e Petrópolis.

Veja a programação das atividades que contarão com a participação da Contraf/CUT:

O Sistema Financeiro Nacional e as pessoas

Objetivo: caracterização do Sistema Financeiro Nacional, seu marco institucional e a necessidade da regulamentação do Artigo 192 da Constituição Federal, a atual crise financeira mundial e as repercussões no emprego bancário.

Dia: 29 de janeiro
Local: UFPA, Campus Profissional, Pavilhão Mp, Sala Mp 11, Turno 1º (8h30)

Organização: Contraf/CUT Seeb São Paulo
Apoio: CUT Fetec/CUT- SP UNI DIEESE

O papel do crédito na sustentabilidade da Amazônia

Objetivo: compartilhar e discutir as estratégias e desafios para garantir que o crédito rural contribua para o desenvolvimento sustentável na Amazônia.

Dia: 29 de janeiro
Local: UFPA, Campus Profissional, Bloco AP, Sala Ap 01, Turno 3 (15h30)

Organização: Contraf/CUT – Seeb PA/AP – IMAZON
Apoio: CUT – UNI

Saúde do Trabalhador – Violência Organizacional-Assédio Moral

Objetivo: socializar experiências nos diversos ramos (bancários, químicos e comerciários) e como construir alternativas de enfrentamento a esse problema.

Dia: 30 de janeiro
Local: UFPA, Campus Profissional, Pavilhão Kp, Sala Kp 09, Turno 3 (15h30)

Organização: Contraf/CUT — CNQ — CONTRACS
Apoio: CUT UNI FES

A Organização dos trabalhadores em redes sindicais nas empresas multinacionais

Objetivo: socializar as experiências de atuação em redes internacionais dos trabalhadores em empresas com atuação globalizada.

Dia: 31 de janeiro
Local: UFPA, Campus Profissional, Pavilhão Jp, Sala Jp 05, Turno 3 (15h30)

Organização: CONTRAF/CUT CNQ CONTRACS
Apoio: CUT CUT Multi UNI FES

Busca de propostas e de ações concretas

Os objetivos do Fórum foram explicitados pelos seus organizadores em entrevista coletiva concedida na manhã desta terça-feira 27, que precedeu a Marcha pela Paz que abriu oficialmente o evento.

O FSM foi criado em 2001 como um contraponto ao Fórum Econômico de Davos, na Suíça, que reúne, nesta mesma época do ano, representantes de empresas e de governos de países ricos para discutir os rumos e interesses das economias mundiais. Neste ano, os dois fóruns terão uma pauta em comum: a crise econômica mundial.

“Sempre falávamos ser necessário estabelecer outras prioridades: justiça social, democracia, paz. E ouvíamos: Mas como se faz isso se os recursos são limitados? Quais são as alternativas? Vocês só sabem criticar. E agora na crise financeira, de repente, apareceram trilhões de dólares que estavam aí, e que poderiam ter sido utilizados para combater a pobreza, para investir em energias renováveis, para promover educação e saúde de qualidade para todos, mas estão servindo para socorrer o sistema financeiro e empresas falidas”, destacou Oded Grajew, um dos idealizadores do Fórum. Ele fez questão de ressaltar que o FSM é uma festa, uma alegria, mas que não é só isso, a que alguns tentam reduzi-lo. Para Grajew, o FSM é uma fonte de idéias e alternativas, sendo que uma delas é investir recursos em benefício da sociedade.

Francisco Whitaker, membro da Comissão de Justiça e Paz, também idealizador do FSM, destacou que o evento tem metodologia voltada para que os resultados culminem em alternativas para cada área e que sejam praticadas de forma a construir gradualmente esse outro mundo possível. Ele ressaltou que os últimos dias do Fórum serão voltados para a apresentação de propostas que serão votadas em assembléias, no espaço Praça das Convergências.

Perguntado se o fato de os trilhões de dólares continuarem indo para o sistema financeiro não seria uma sensação de que o mundo caminha para o mesmo rumo, Whitaker foi enfático: “A sensação há, mas isso demonstra para a opinião pública qual é o problema. Temos que trabalhar no nível da consciência das pessoas para que mais gente perceba como funciona esse sistema. Como se chegou a esses trilhões de perdas, por meio do entendimento da economia como um cassino, jogando, especulando um dinheiro que não existe, mas que circulava no mundo inteiro, muito mais do que a produção propriamente dita”.

Whithaker destacou que o desafio é organizar ações concretas neste FSM que modifiquem essa situação. Ele cita como umas idéias a serem seguidas, a de criação de bancos que não apliquem dinheiro em empresas que fabriquem armamentos, que desmatam, que tenham trabalho escravo ou precário. Uma das formas seriam os clientes adquirirem a cultura de perguntar onde seu dinheiro está sendo aplicado e não concordar com investimentos que possam ser prejudiciais à sociedade. “A mudança do mundo não vai ser de cima para baixo, feita por um dirigente mundial. É necessário ter o apoio e contar com a participação da sociedade organizada”, afirmou.

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