FOLHA DE SÃO PAULO
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Banco Itaú também adiantou a divulgação de seus resultados em meio à forte baixa nas ações do setor. A exemplo do Unibanco na sexta-feira, o Itaú soltou prévia dos resultados para indicar que seus ganhos seguiram robustos e que não tem exposição cambial.
Segundo maior banco privado no país, o Itaú teve lucro líquido de R$ 1,8 bilhão no terceiro trimestre, resultado 27,12% menor do que o apurado no mesmo período de 2007. Excluindo ganhos e perdas extraordinárias, o banco lucrou R$ 2 bilhões, valor 27,46% maior do que no terceiro trimestre do ano passado. O resultado ainda não passou pelos auditores e poderá ser revisto.
Silvio de Carvalho, diretor-executivo do Itaú, afirma que o banco adiantou a divulgação para se equiparar com o calendário da concorrência, ficar livre para dar esclarecimentos ao mercado e renovar seu programa de recompra de ações. “Com essa turbulência toda no mercado, quanto mais transparência melhor”, disse.
O Itaú também detalhou a posição das operações de hedge [proteção] cambial feita para 93 clientes por meio do Itaú BBA, seu braço de investimento. No total, se tivesse de desfazer essas operações, na última sexta-feira, os clientes teriam de desembolsar R$ 2,4 bilhões -1,5% da carteira de crédito e 0,6% dos ativos do banco.
O banco afirmou que ofereceu proteção cambial de acordo com as necessidades de cada cliente e que todas as operações passaram pelo crivo de seu comitê de análise de crédito, inclusive simulando “situações de estresse”. “Encaramos isso [hedge das empresas] como operação de crédito. Mantemos um relacionamento grande com nossos clientes, e esse é mais um produto oferecido.”
Segundo Carvalho, a melhora no resultado se deve à expansão do crédito, especialmente para empresas. Em setembro, a carteira de crédito somava R$ 164,5 bilhões -44,2% maior do que em setembro do ano passado e acima do ritmo de 34% de expansão do mercado.
Carvalho afirmou que o Itaú mantém sua previsão de crescimento de 30% no crédito neste ano apesar da possível desaceleração no quarto trimestre. Para 2009, o banco trabalha com expansão de só 15% se o PIB crescer entre 2,5% e 3%.
Segundo Luis Miguel Santacreu, da Austin Ratings, os resultados dos bancos ainda não mostram os efeitos da turbulência nos mercados. “A crise pegou só 15 dias de setembro.”
Após a divulgação, as ações PN do Itaú chegaram a subir 6%, mas terminaram estáveis. No ano, a baixa é de 50,61%.