Folha de São Paulo
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A consultoria Alvarez & Marsal, que está cuidando da liquidação mundial do Lehman Brothers, conseguiu vender as operações brasileiras do banco americano para a BTG (Banking & Trading Group), empresa não-financeira recém-aberta por André Esteves, o ex-sócio brasileiro do UBS/Pactual que teria tentado comprar o banco suíço.
Segundo Fabio Carvalho, diretor da Alvarez, além da empresa de Esteves, havia outra instituição financeira de capital estrangeiro no páreo para levar o Lehman Brothers brasileiro. Ao todo, o negócio despertou o interesse de outros seis grupos, especialmente estrangeiros que pretendem aumentar a presença no Brasil.
O valor do negócio não foi revelado, mas o dinheiro vai direto para o caixa dos credores do Lehman Brothers nos EUA, incluindo os funcionários. “Foi o negócio mais rápido que já fizemos. Despertou o interesse de meia-dúzia, a maioria estrangeiros. Quando você tem um banco quase montado, com as pessoas todas já no gatilho, é uma plataforma que interessa a todos”, disse Carvalho.
O Lehman entrou com pedido de concordata nos EUA no dia 15 de setembro, após o Fed (o BC dos EUA) e os principais bancos americanos desistirem de socorrê-lo. O episódio foi o estopim do recente período de instabilidade nos mercados.
Presidido por Winston Fritsch, ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda (governo FHC), o Lehman brasileiro é um escritório de apoio que assessora fusões e aquisições, entre outros negócios, e emprega cerca de 30 pessoas. No ano passado, comprou a carteira da área de investimentos da Rio Bravo, empresa de Gustavo Franco, ex-presidente do BC. “Continuamos trabalhando normalmente com nossos clientes”, disse Fritsch.
O Lehman havia entrado com pedido no BC para se tornar um banco de investimento no Brasil e chegou a cogitar a compra de corretoras paulistas independentes no ano passado, época do boom de IPOs (aberturas de capital).
Agora, deverá retirar esse pedido, pois André Esteves mantém uma espécie de “quarentena” acertada com o UBS Pactual de não atuar no setor de banco de investimento até meados 2011.
