FOLHA DE SÃO PAULO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Desde que os efeitos da crise financeira se intensificaram sobre a economia, aumentaram as pressões do presidente Lula e do Palácio do Planalto para que os bancos públicos garantam o crédito necessário ao setor produtivo.
Essa pressão é maior em relação ao custo dos financiamentos bancários. Lula quer os dois maiores bancos federais, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, liderem a queda das taxas cobradas de pessoas físicas e empresas.
Avaliações dentro do governo são que a Caixa tem sido muito mais ágil e se mostrado mais disposta a atender aos pedidos do Planalto, enquanto o BB resiste o possível. Considerado pouco flexível, o presidente do BB, Antônio Francisco de Lima Neto, é alvo constante de críticas dentro do governo.
O argumento da diretoria do BB é que a instituição tem ações negociadas em Bolsa de Valores, acionistas minoritários a dar satisfações e, portanto, muito menos flexibilidade para levar adiante políticas públicas que impliquem redução de lucro.
A interpretação de parte do governo é que o banco se esconde por trás desse discurso para evitar levar adiante, com maior agressividade, a política de corte de juros e redução do “spread” (diferença entre o custo dos recursos captados pelos bancos e repassados aos clientes).
Em reuniões com Lula, os dirigentes de BB e Caixa já haviam sido orientados a reduzir as taxas. A cobrança, no entanto, cresceu após a crise global.