Fabio Barbosa deixa presidência e assume conselho do Santander em fevereiro

Valor Econômico
Cristiane Perini Lucchesi

Os funcionários de alto a médio escalão do Santander foram pegos de surpresa ontem. No final da tarde, foram chamados para uma declaração do atual presidente do Santander Brasil, Fábio Barbosa, em um auditório. Ficaram perplexos ao saber que o atual presidente do Santander Brasil, Fábio Barbosa, vai deixar o cargo e assumir a presidência do Conselho de Administração do banco.

Em seu lugar, assumirá o atual diretor geral do grupo Santander, o espanhol Marcial Portela, que é responsável pelo grupo na Espanha desde antes da compra do Banespa, em 99. Atualmente, Portela ocupa a presidência do conselho do banco.

A maior surpresa para os mais próximos não foi a mudança feita por Barbosa. Em matéria do Valorem maio, a hipótese de Barbosa assumir a função mais importante no banco já havia sido levantada. “Desde o início da integração do ABN Amro Real com o Santander, eu já havia acertado que, terminado o processo, eu assumiria uma função menos executiva”, disse Barbosa, em entrevista ao Valor, por telefone.

O que surpreendeu foi o fato de um espanhol assumir a presidência executiva de uma instituição financeira desse porte no Brasil. Muitos acreditavam que o sucessor natural de Barbosa seria José Menezes Berenguer Neto, tido como seu segundo homem, que veio com ele do ABN Amro Real.

Berenguer é vice-presidente sênior, responsável pela área de atacado no país e assumiu em maio a área de gestão de recursos de terceiros, o private banking (gestão de fortunas das pessoas físicas ricas) e a financeira, que tem forte atuação no setor de veículos. Outros apostavam em José de Paiva Ferreira, responsável pelos canais de distribuição e marketing e produtos de varejo.

“O peso do Brasil no grupo Santander cresceu e a importância da filial brasileira mudou de patamar”, afirma Barbosa. “E Portela é quem melhor tem as condições de azeitar a relação entre a matriz e a filial, aproveitar de sinergias, além de garantir a melhor fluidez de informações “, defendeu ele, polidamente, para completar que “eu trabalho muito bem com Portela”.

Em maio deste ano, um outro espanhol de grande importância para a matriz foi exportado para o Brasil para assumir posição executiva chave na instituição financeira e olhar mais de perto as atividades por aqui. Ignacio Dominguez-Adame, que era responsável global pela área de crédito global do banco, veio cuidar da área de global banking and markets, que compreende todo o atacado. Ele passou a responder para Berenguer, em meio a uma grande reestruturação de cargos no Santander que deixou diversos descontentes. Sérgio Fraiman Blatyta, responsável pela tesouraria proprietária e formação de mercado, pediu demissão do banco nesse momento.

Barbosa negou ontem, como não poderia deixar de fazer publicamente, “qualquer relação” entre os dois eventos. Segundo ele, a vinda de Portela significa apenas a continuidade na gestão do banco. “Ele é quem mais conhece o projeto de integração e eu fiquei muito satisfeito com a decisão do conselho”, disse.

Segundo Barbosa, antes o banco não tinha acionistas minoritários desde a emissão pública inicial de ações, no ano passado. “Hoje, os minoritários detêm 25% do total do capital do banco e o conselho de administração de precisa de reformulação e ampliar seus padrões de governa corporativa e eu acho interessente esse desafio”, afirmou.

Após as aprovações pelos acionistas do grupo e por órgãos regulatórios, os executivos devem assumir os novos postos em 4 de fevereiro de 2011.

Marcial Portela faz parte do grupo de executivos de confiança do controlador do Santander, Emilio Botín, que olham de perto a expansão do grupo fora da Espanha. Suas credenciais incluem uma breve passagem anterior pelo mercado brasileiro não bancário, como presidente da área internacional da Telefônica.

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