Exposições da manhã, na Conferência, tratam de remuneração total e PCCS

Rede de Comunicação dos Bancários
Cláudia Motta/Seeb de São Paulo

O maior dos encontros temáticos da 10ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, reuniu mais de 300 bancários de todo o país para debater a remuneração total da categoria.

Os delegados que representam a categoria no encontro ouviram as exposições dos economistas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Ana Carolina Tossetti – sobre as diferentes formas de remuneração (fixa, indireta e variável) – e Roberto Sugiyama – a respeito da importância dos planos de cargos, carreiras e salários (PCCS) para os trabalhadores.

A remuneração fixa é composta do salário, 13º, férias. FGTS. É a parte contratada com os trabalhadores, ou seja, prevista no Contrato Coletivo de Trabalho (CCT). A parte variável da remuneração é composta pela participação nos lucros e resultados (PLR), que está prevista na CCT, e de uma outra, os programas próprios de resultados que até hoje estão sob decisão somente dos banqueiros, os trabalhadores não interferem e são reféns dessa forma de remuneração grande responsável hoje pela pressão por metas nas empresas. A remuneração também tem uma parte indireta, composta pelas conquistas como os vales refeição, alimentação, auxílio-creche, educação.

Ana Carolina alerta: “A parte flexível dos salários é um instrumento de gestão dos bancos. Ela privilegia quem e o que o banco quer. Temos que tentar engessar essa flexibilidade porque ela tem implicações sobre a saúde, sobre o emprego. O ideal é que tudo esteja previsto em contrato de trabalho, tanto a remuneração fixa como a variável, para universalizar princípios e, sobretudo, interferir na distribuição dos recursos”, afirmou a técnica do Dieese.

Cada vez mais, a parte variável dos ganhos dos trabalhadores ganha peso na remuneração final. Em alguns bancos ela já corresponde a cerca de 20% do salário final.

Para a economista, esse é um momento propício para o debate. “Apesar de pequeno, há crescimento na carreira (o número de bancários no país subiu de 420 mil para 434 mil no país, no ultimo ano). Há muitos bancários pedindo demissão, o que pode significar que há melhores condições em outras empresas do setor ou em outros setores”, diz Ana. No entanto, alerta: “essa é uma discussão difícil, que não interessa ao banqueiro, e que passa necessariamente pela mobilização dos bancários”.

PCCS

Os planos de cargos, carreiras e salários das empresas são uma ferramenta de gestão que interessa muito aos trabalhadores. Ao contrário dos programas próprios de resultados dos bancos, o PCCS é impessoal, dá direito a qualquer trabalhador que ingressar na carreira receber o salário previsto para aquela função. Um bom PCCS objetiva o equilíbrio interno (todos têm conhecimento dos salários pagos e determina uma curva salarial interna) e externo (facilita pesquisas salariais e determina uma curva salarial para o mercado).

Além disso proporciona desenvolvimento na carreira e garante definições básicas que ajudam a estruturar a gestão da empresa.
Ou seja, é bom para patrões e empregados. Deve ser. No entanto, no caso dos bancos, seria um entrave para o atual modelo de gestão com base em cobrança e premiação por metas.

Sugiyama exemplifica: os bancos sempre dizem que estão aumentando a massa salarial. Um bom PCCS deixaria claro como isso acontece. “Os bancos não querem PCCS porque cria regras transparentes, que permite enxergar como crescem os salários”, destaca o economista. “O PCCS faz crescer o rendimento total do trabalhador e dá força para a briga pela remuneração ser cada vez mais fixa. É muito difícil, mas se conseguirmos colocar um pezinho lá dentro, teremos força. É uma disputa de poder que os trabalhadores têm que fazer”, completa Sugiyama.

Pela presença maciça no encontro, a luta será feita. E os debates da tarde prometem.

O presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, acompanhou as exposições e participará dos debates da tarde. “Esse sempre foi e continua sendo um dos mais importantes temas para a categoria. A contratação total da remuneração do bancário é um ponto fundamental para quebrar a lógica cruel de gestão utilizada pelos bancos. Isso tem que mudar.”

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