Valor Econômico
Cristine Prestes
Pelo menos três ex-diretores do PanAmericano ingressaram com processos contra o banco na Justiça do Trabalho pedindo o pagamento de verbas trabalhistas. Os executivos recebiam seus salários por meio de empresas das quais eram donos e não tinham vínculo empregatício. Todos foram citados no inquérito da Polícia Federal que apura indícios de fraude e crimes contra o sistema financeiro cometidas pela antiga gestão do banco, cujo controle foi vendido ao BTG Pactual no ano passado.
Já ingressaram na Justiça trabalhista o ex-diretor comercial do PanAmericano Carlos Roberto Vilani, o ex-diretor administrativo e de crédito do banco Adalberto Savioli e o ex-diretor da PanAmericano Administradora de Cartões de Crédito Antônio Carlos Quintas Carletto.
Carlos Roberto Vilani ingressou com a ação em dezembro de 2011 contra o banco e várias empresas que fazem ou faziam parte do Grupo Silvio Santos, além da holding Silvio Santos Participações. A primeira audiência está marcada para 13 de fevereiro. O executivo prestava serviços ao banco por meio da Cavi Serviços e Promoções, empresa pela qual recebia sua remuneração. Entre o início de 2008 e novembro de 2010, quando foi descoberto o rombo de R$ 4,3 bilhões no patrimônio do banco, Vilani recebeu R$ 5,5 milhões por meio da Cavi, segundo a auditoria interna feita no PanAmericano. A Cavi manteve contrato com o banco entre 2006 e 2007 e o valor da prestação de serviços era de R$ 31,7 mil mensais. Procurado pelo Valor, o advogado de Vilani, Ricardo de Freitas Guimarães, informou que não se manifestaria pois pediu à Justiça que o processo tramite em segredo.
O ex-diretor administrativo e de crédito do PanAmericano, Adalberto Savioli, também ingressou na Justiça pedindo o pagamento de verbas trabalhistas. A reportagem não conseguiu localizar o processo aberto por Savioli e nem seu advogado trabalhista, mas apurou que a ação já está em tramitação. Entre os executivos que estão acionando o banco, Savioli é o mais antigo: seu primeiro e único emprego foi no PanAmericano, onde trabalhou por 26 anos.
Entre 2008 e 2010 Savioli recebeu, por meio da Report Serviços Administrativos, da qual é titular, R$ 5,7 milhões, conforme a auditoria interna. O contrato entre a Report e a PanAmericano Administradora de Cartões foi assinado em 2006 com um valor de R$ 30,4 mil ao mês. Em 2007 um novo contrato foi assinado com o banco, cujo valor era de R$ 22,1 mil mensais.
O terceiro processo de ex-executivos do PanAmericano na Justiça trabalhista foi aberto em dezembro do ano passado por Antônio Carlos Quintas Carletto, ex-diretor da PanAmericano Administradora de Cartões de Crédito. A exemplo de Vilani, Carletto também acionou outras empresas que pertenciam ao Grupo Silvio Santos além do banco. Procurado pelo Valor, o advogado trabalhista de Carletto, Claudio Cesar Grizi Oliva, não retornou até o fechamento desta edição.
A reportagem apurou que Carletto trabalhou na PanAmericano Administradora de Cartões de Crédito entre 2005 e 2008 e que também recebia sua remuneração por meio de uma empresa – a Cluster Arquitetura e Comunicação. Entre 2008 e 2010, ele recebeu R$ 1 milhão do banco. A Cluster manteve dois contratos com as empresas do grupo: um com a Panseg e outro com a administradora de cartões, ambos com o valor de R$ 22,3 mil mensais.