O Estado de São Paulo
Célia Froufe e Sérgio Gobetti
O governo já injetou aproximadamente R$ 150 bilhões para aumentar a liquidez no mercado de crédito e combater os efeitos da crise financeira no Brasil. Segundo dados divulgados ontem pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, só na atuação no câmbio foram injetados US$ 46,5 bilhões (R$ 106 bilhões, pela cotação de sexta-feira). Esse valor inclui desde leilões de dólares e venda da moeda no mercado à vista a empréstimos para o comércio exterior.
Nas últimas semanas, o governo injetou cerca de R$ 52 bilhões para ajudar a restabelecer o crédito em outros setores – incluindo os R$ 8 bilhões do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, de financiamento imobiliário para servidores públicos , anunciados ontem.
A conta total deixa de fora os R$ 56 bilhões de depósitos compulsórios dos grandes bancos. Esses recursos estavam bloqueados no BC e foram liberados para incentivar a compra de carteiras de crédito de bancos pequenos e médios.
A conta dos R$ 158 bilhões inclui, porém, os recursos colocados à disposição pelo governo para normalizar o crédito. Não se sabe quanto desse total será usado. Tudo vai depender da demanda de empresas e consumidores.
De acordo com Meirelles, de US$ 46,5 bilhões usados pelo governo para tentar conter a alta do dólar, US$ 30 bilhões foram destinados pelo BC para leilões de swaps (contratos de dólar). Para empréstimos voltados a linhas de comércio exterior, os recursos somam US$ 4,1 bilhões. No caso de vendas de dólares com compromisso de recompra, foram US$ 5,8 bilhões e para o mercado à vista, US$ 6,1 bilhões.
Meirelles enfatizou que quando atua no mercado o objetivo não é controlar a tendência da taxa de câmbio. “Esse é um tipo de ação que no passado fracassou, inclusive no Brasil”, comentou Meirelles, que participou de um evento, em São Paulo.
Atualmente, o objetivo do BC é prover liquidez ao mercado. Entre as operações citadas por Meirelles, ele disse que a injeção de dólares à vista no mercado é a única que afeta as reservas internacionais, mas, apesar disso, elas ainda são superiores a US$ 200 bilhões.
Entre as medidas estão incluídos R$ 7 bilhões do FGTS para capitalizar o BNDES; R$ 10 bilhões do BNDES para financiar capital de giro; R$ 5 bilhões do Banco do Brasil também para financiar capital de giro; R$ 4 bilhões do BB para bancos de montadoras; R$ 5 bilhões em antecipação de crédito rural pelo BB; R$ 8,1 bilhões de ampliação de crédito rural; R$ 2 bilhões da Caixa Econômica Federal para o varejo; e R$ 3 bilhões da Caixa à construção civil.
O governo ainda tem margem de manobra com os compulsórios. Até sexta-feira, os bancos mantinham R$ 215,9 bilhões no BC. Meirelles já sinalizou que, se necessário, poderiam ser anunciadas novas liberações desses recursos.