Estadão: Opportunity já perdeu R$ 3,2 bi em dois meses

Banco avisa que tentará reverter na Justiça bloqueio de R$ 454 milhões

Mônica Ciarelli
Rio

O Opportunity vai tentar reverter na Justiça o bloqueio de R$ 545 milhões, determinado pela 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, em desdobramento da Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Os recursos são de sócios e diretores do banco e também de gestoras de recursos do grupo. Desde que a ação policial foi deflagrada, em 8 de
julho, a fuga de investidores do Opportunity já representou a perda de R$ 3,2 bilhões do patrimônio do grupo, segundo o site Fortuna, especializado em informações financeira, que usa como base dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Associação Nacional de Bancos de Investimentos (Anbid).

Entre os que tiveram dinheiro seqüestrado por ordem judicial
estão Daniel Dantas, sócio-fundador do banco e principal alvo da Operação Satiagraha, e o atual presidente do Banco Opportunity, Dório Ferman.

Na operação, que envolveu cerca de 300 policiais federais, foram presos Dantas e outras 17 pessoas, acusadas de crimes financeiros. Todas foram libertadas por determinação da Justiça. O banqueiro deixou a prisão graças a habeas corpus concedidos pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.

Para evitar nova onda de saques a seus fundos de investimento, o grupo divulgou comunicado esclarecendo que o bloqueio não atingiu recursos de clientes. O Opportunity alega que a sangria em seus fundos foi menor, de cerca de R$ 2 bilhões, e que o
Fortuna não contabiliza os fundos exclusivos do Opportunity.

Mesmo contabilizadas pelo valor mais baixo, as perdas registradas nos últimos meses correspondem a 11,3% do patrimônio e já se equiparam ao patamar de 2004, quando Daniel Dantas foi indiciado pela Polícia Federal na Operação Chacal. Pelo nível mais alto, seriam
17,6% a menos.

Na época da Operação Chacal, os saques dos fundos da instituição atingiram um patamar entre 10% e 15% do patrimônio total nos 90 dias seguintes ao anúncio do indiciamento. A operação investigou o esquema de suposta espionagem industrial durante a briga entre o Opportunity e a Telecom Italia pela Brasil Telecom (BrT).

O pedido de seqüestro dos R$ 545 milhões partiu do procurador Rodrigo de Grandis, do Ministério Público Federal, que foi alertado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre operações do grupo de Dantas consideradas “irregulares no mercado financeiro”.

Os recursos correspondem a uma transferência de R$ 10 milhões, feita por Ferman para a conta da irmã, Bessy Schachnik, e ao valor das aplicações de cinco cotistas do Opportunity Special Fundo de Investimento. Os cotistas são Dantas, sua irmã Verônica, sua mulher Maria Alice, Dório Ferman e o administrador Norberto Aguiar Tomaz. Com exceção de Maria Alice, todos os outros foram indiciados pela Polícia Federal por gestão fraudulenta e formação de quadrilha na administração do Opportunity Fund, sediado no paraíso fiscal das Ilhas Cayman.

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