O Estado de São Paulo
Paulo Justus, Alberto Komatsu, Tiago Décimo, Ivana Moreira, Ricardo Rodrigues, Angela Lacerda, Sandra Hahn
O primeiro dia da greve dos bancários mobilizou trabalhadores, em maior ou menor proporção, em praticamente todo o Brasil. São Paulo, Osasco e região, que concentram boa parte da mão de obra dos bancos, contaram com a mobilização de 29 mil trabalhadores, segundo o sindicato que representa a categoria. A adesão corresponde a 21,6% dos trabalhadores da base do sindicato.
Em todo País, a greve dos bancários atingiu 2,5 mil agências. O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Carlos Cordeiro, diz que a paralisação vai continuar até os bancos apresentarem uma nova proposta. “Essa greve foi uma resposta à altura das propostas feitas pelos patrões.” O presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino, espera que a adesão à greve aumente nos próximos dias. “Queremos atingir os patrões para conseguir uma proposta melhor”, afirma.
Os bancários pedem 10% de aumento real nos salários (além dos 4,5% relativos à inflação dos últimos 12 meses) e participação nos lucros e resultados (PLR) de três salários, acrescidos de R$ 3.850. Os trabalhadores pedem ainda a inclusão na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) de uma cláusula de proteção ao emprego em caso de fusão.
A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) – que representa os bancos nas questões trabalhistas – ofereceu a reposição da inflação e PLR menor que a paga à categoria no ano passado. A entidade reclama que os bancários interromperam as negociações ainda no início das conversas.
No Rio, a greve dos bancários contou ontem com a adesão de cerca de 40% dos trabalhadores, segundo o presidente do Sindicato dos Bancários do Município do Rio de Janeiro, Almir Aguiar. Na estimativa dele, cerca de 9,3 mil profissionais cruzaram os braços.
O Sindicato dos Bancários da Bahia estimou que 80% das agências de bancos públicos e 50% das de bancos particulares tenham suspendido o atendimento. A região que concentrou a maior mobilização dos bancários, de acordo com o sindicato, foi o centro de Salvador, onde nenhuma agência abriu.
Grande parte dos bancários de Minas Gerais aderiram à greve, de acordo com informações do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte. A maior adesão ocorreu nos bancos públicos: Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Na Caixa, a adesão atingiu 90% dos funcionários das agências e no Banco do Brasil, 50%. Segundo o presidente do sindicato, Clotário Cardoso, uma assembleia está prevista para hoje.
As agências dos bancos privados e oficiais amanheceram com as portas fechadas em Maceió e no interior de Alagoas. Pela manhã, grupos de grevistas fizeram piquetes nas portas das agências no centro da capital. Os grevistas disseram que a adesão da categoria é total e somente os caixas eletrônicos vão funcionar.
Na região metropolitana do Recife, as 35 agências da Caixa e as 5 do Banco do Nordeste fecharam e apenas 2 agências do Banco do Brasil abriram. Na rede privada, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco somou 19 agências que aderiram à paralisação.
No Rio Grande do Sul, a adesão à greve nacional dos bancários atinge entre 60% e 70% dos funcionários da Caixa, conforme avaliação da Federação dos Bancários no Estado. Os funcionários do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) optaram por uma paralisação de 24 horas, no dia 29, quando está agendada reunião com a direção do banco.
O diretor de organização da Federação dos Bancários do RS, Arnoni Hanke, disse que a categoria rejeitou, no dia 17, a proposta dos bancos e, desde então, as negociações não prosseguiram. Desde 2004 os bancários têm feito greve na época do período de data-base.