Estadão: alta do spread bancário na crise custou R$ 8,2 bi

O Estado de São Paulo

O aumento do spread bancário em meio à crise financeira mundial custou R$ 8,2 bilhões aos brasileiros. Significa que o equivalente a nada menos do que 1,5% do total de investimentos em produção feitos no ano passado, ou cerca de 0,5% do consumo das famílias, foi pago a mais por causa dos aumentos do spread acima do valor correspondente à inadimplência entre setembro de 2008 e fevereiro deste ano.

Spread é a diferença entre a taxa de juros cobrada por bancos e financeiras nas operações de crédito e a que eles pagam para captar os recursos. O custo de captação é balizado pela taxa básica de juros (Selic), que está em queda desde janeiro.

As informações são de um levantamento feito por José Ricardo Roriz Coelho, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Os cálculos tiveram como base dados do próprio Banco Central (BC).

Inadimplência

O trabalho da Fiesp contesta o argumento dos bancos, que alegam ter aumentado o spread por causa da maior exposição das entidades à inadimplência. “O efeito da inadimplência e de outros fatores que incidem sobre o spread não justifica as altas acentuadas dos últimos meses”, diz Roriz Coelho.

A inadimplência cresceu 19,5% entre setembro de 2008 e fevereiro de 2009. A Fiesp, no entanto, ponderou essa alta pela participação da inadimplência no spread, que era de 37,4% em 2007 (última estimativa disponível do BC). Chegou à conclusão de que o aumento do calote justificaria uma elevação de apenas 7,3% no spread, quase a metade dos 13% aplicados pelos bancos.

Ao longo dos cinco meses pesquisados pela Fiesp, as despesas dos brasileiros com pagamento de juros somaram R$ 152,6 bilhões, conforme o BC. Nas contas da Fiesp, esse gasto deveria ter sido de R$ 144,3 bilhões. Segundo a entidade, os cerca de R$ 8,2 bilhões excedentes correspondem aos aumentos injustificados do spread.

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