(São Paulo) O papel das financeiras no mercado de crédito foi o tema das discussões da tarde, neste primeiro dia da Reunião da Direção Nacional da Contraf-CUT, que vai até esta quarta-feira,
Maria Alejandra explicou que as financeiras hoje funcionam como “braços auxiliares” dos bancos. E, por não concorrer com os bancos e sim complementar o seu trabalho, não contribuem para a diminuição do famigerado spread bancário.
“As financeiras reforçam a perversidade do Sistema Financeiro Nacional, pois ampliam o endividamento das pessoas físicas e não aumentam a renda. As financeiras não investem na produção. O crédito imobiliário hoje equivale a menos de 1% do PIB (Produto Interno Bruto). Ou seja, as financeiras alimentam a assimetria social do Brasil”, comentou.
A economista afirmou que o crédito é, atualmente, parte do processo de bancarização e de segmentação. Embora tenham ampliado o acesso ao crédito para as classes mais baixas, as financeiras praticamente colocam os mais pobres para fora dos bancos.
O tamanho das financeiras
Para Maria Alejandra, o Brasil está superestimando o tamanho e a importância das financeiras dentro do Sistema Financeiro Nacional. Segundo ela, o crescimento destas instituições é limitado, pois a principal forma de captações de recursos das financeiras são as letras de câmbio.
“Em 1964, quando as financeiras foram criadas dentro do processo de pulverização e ampliação do Sistema Financeiro, elas eram independentes dos bancos. Hoje, as financeiras são apenas um complemento e, como a captação de recursos é limitada, sua rentabilidade não compete com os bancos. No ano passado, os principais bancos do país tiveram uma rentabilidade de cerca de 35%, enquanto as financeiras não passaram de 20%, 25%. É claro que elas contribuem, mas não são a alavanca da lucratividade dos bancos”, detalhou.
Segundo Maria Alejandra, hoje operam no Brasil cerca de cinqüenta financeiras, sendo que o Itaú é o investidor mais agressivo desse setor.
Fonte: Contraf-CUT