Dezenas de bancários deixaram o descanso de lado, enfrentaram a chuva e participaram, no último sábado, dia 2, do Encontro Estadual de Pernambuco, realizado no auditório do Sindicato.
O objetivo do evento foi debater a Campanha Nacional 2011 e definir as reivindicações que os trabalhadores pernambucanos vão levar para a Conferência Regional do Nordeste, nos dias 15 e 16 de julho, e na Conferência Nacional dos Bancários, que definirá, entre os dias 29 e 31 de julho, em São Paulo, a pauta que será entregue aos bancos.
Para a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, o Encontro Estadual marca o início da mobilização da Campanha Nacional dos Bancários. “É aqui que começa a nossa luta. E, mais uma vez, o embate com os bancos não será fácil. Precisamos estar organizados e unidos para mostrarmos força e garantirmos mais conquistas. O fato de estarmos aqui, num sábado chuvoso que é um convite ao descanso, mostra a força de vontade dos bancários em lutar nesta Campanha Nacional”, comentou Jaqueline na abertura do evento.
O secretário-geral do Sindicato, Fabiano Félix, ressaltou que os bancários formam uma das categorias mais fortes e organizadas do Brasil. “Todas as conquistas que tivemos são resultado de muita luta de várias gerações de bancários. Hoje, boa parte dos trabalhadores que estão aqui nasceu sob um regime democrático, Mas essa conquista custou caro. Vamos fazer jus aos nossos antecessores e lutar por mais avanços em nossa Convenção Coletiva”, comentou Fabiano.
O diretor do Sindicato, Geraldo Times, também falou na abertura do Encontro sobre a organização da Campanha Nacional. “Os bancários de Pernambuco iniciaram os debates da Campanha há dois meses, quando o Sindicato realizou, em Salgueiro, um encontro da categoria no interior. Agora, estamos dando prosseguimento à organização da nossa luta, que visa, principalmente, construir uma sociedade mais justa e igualitária”, disse.
Para o diretor do Sindicato e da CUT Pernambuco, Fabiano Moura, os bancários são um exemplo para os demais trabalhadores do Brasil. “Temos muitas conquistas que hoje servem de parâmetros para outras categorias. Mas nossa luta nunca foi fácil. Embora a gente trabalhe para o setor mais lucrativo do Brasil, as negociações são sempre difíceis, pois os bancos não querem compartilhar seus altos ganhos nem com os bancários e nem com a sociedade”, afirmou Fabiano, destacando que a CUT-PE estará ao lado do Sindicato nesta Campanha.
Tereza Souza, diretora do Sindicato que coordenou a mesa de abertura, finalizou destacando que esta é a primeira Campanha Nacional dos Bancários realizada no governo da presidenta Dilma. “Esperamos sair vitoriosos das negociações com os bancos, como no ano passado, quando conquistamos um grande acordo”, disse.
Vanguarda dos trabalhadores
Os bancários estão na vanguarda do movimento sindical brasileiro, segundo Marcel Barros, secretário-geral da Contraf-CUT. Durante sua palestra, o dirigente destacou que os bancários são a única categoria que tem uma Convenção Coletiva Nacional, que garante os mesmos direitos para todos os funcionários de bancos do país, do Oiapoque a Chuí.
“Também somos os únicos trabalhadores do país que estão preparando negociações internacionais com seus patrões. Junto com a UNI Global Union, estamos discutindo direitos iguais para todos os bancários do planeta que trabalham no BB, Itaú, Santander, HSBC e BBVA, independentemente do país onde essas empresas atuam. Também somos os únicos que construímos democraticamente nossa pauta de reivindicações”, disse Marcel.
O diretor da Contraf-CUT fez um resgate histórico da luta e organização dos bancários do Brasil. “Tudo o que está nas 59 cláusulas da nossa Convenção Coletiva demandou anos de negociações, mobilizações, protestos, manifestações e greves. O caminho foi longo, mas frutífero”, avaliou.
Além do resgate histórico, Marcel fez uma apresentação detalhada sobre o funcionamento da Campanha Nacional dos Bancários. “Desde o início da construção da pauta de reivindicações, com a pesquisa que os sindicatos e a Contraf-CUT aplicam, até a assinatura do acordo com os bancos, tudo é feito de maneira democrática, sempre ouvindo os bancários em assembleias e encontros”, disse, ao explicar o sistema de negociação coordenado pela Contraf.
“Construímos um Comando Nacional dos Bancários, que é responsável pelas negociações com os bancos. Esse Comando é formado pela Contraf, pelas 10 federações estaduais e regionais e pelos 24 maiores sindicatos de bancários do país, inclusive o de Pernambuco, que é representado pela presidenta Jaqueline Mello.
Marcel também explicou como funciona a organização dos bancos que negociam com os bancários e falou sobre o poder político e econômico dessas empresas. “Enfrentar os bancos não é tarefa fácil. Mas temos conquistado vitórias e mais vitórias nas últimas campanhas graças ao nosso poder de pressão e organização. A unidade nacional dos bancários é fundamental para mantermos a nossa força. Hoje, mais de 90% dos sindicatos de bancários do país atuam de forma conjunta e, assim, conseguimos vencer muitos embates com os bancos, embora seja uma luta de Davi contra Golias”, comentou Marcel.