Estudo divulgado na quarta-feira, dia 13, pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) afirma que as empresas precisarão se adaptar ao envelhecimento da população. Segundo Ana Amélia Camarano, técnica de planejamento e pesquisa do instituto, as empresas precisam investir em saúde ocupacional para viabilizar a permanência do trabalhador no mercado de trabalho por um período mais longo.
Com base nos dados da última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), o Ipea estima que a população atingirá o pico em 2030 com um contingente de 206,8 milhões de pessoas. Na prática, com a queda na fecundidade e a tendência de envelhecimento, o instituto afirma que os novos empregos no futuro deverão se concentrar na população maior de 45 anos. Esta população será responsável por 56,3% da futura população em idade ativa.
Nos últimos anos, a participação dos idosos no total da população tem avançado em ritmo acelerado. Em 1992, eles representavam 7,9% da população e no ano passado chegaram a 11,4%.
Camarano afirma que um dos caminhos possíveis é seguir a tendência já verificada em outros países de rediscutir a idade mínima de aposentadoria. “É bom, é importante não só para a questão fiscal, mas para o próprio indivíduo não sair do mercado de trabalho”, disse.
A pesquisadora afirma ainda que é importante reduzir o preconceito em relação ao trabalho dos idosos. “A própria aposentadoria compulsória aos 70 anos é fruto de preconceito, a sociedade e os empregadores terão de rever essa atitude até porque caso contrário não haverá gente para ocupar essas vagas”, disse.
O estudo confirma ainda mudanças nos arranjos familiares, com o crescimento do número de pessoas que permanecem na casa dos pais ou que voltam a morar com eles. No ano passado, em 6,2 milhões de famílias onde o idoso era chefe ou era casado com o chefe da residência os filhos moravam junto. Nestes casos, os idosos contribuíam com a maior parte da renda familiar: 54,8%.
Os números mostram que os rendimentos referentes a benefícios da seguridade social são compartilhados na família. Em 2009, 77% da população idosa ou 16,6 milhões de pessoas recebiam algum tipo de benefício, como previdência urbana, previdência rural, assistência social e pensões por morte.
Mesmo no caso de idosos que moram na casa de outros parentes, os mais velhos contribuíam com cerca de 23,1% na renda familiar.
Segundo Camarano, as quatro políticas públicas mais importantes para os idosos são: renda para compensar a perda da capacidade de trabalho, saúde, cuidados de longa duração e a criação de condições de vida, como habitação, infraestrutura e acessibilidade voltadas para esta faixa etária.
“É preciso avançar em saúde e cuidados. Essa é uma área em que o Brasil não avançou. Os cuidados da população idosa ainda recaem sobre a família, principalmente sobre a mulher”, disse.