Luta é pela adoção do login único e pagamento das horas extras trabalhadas
O cumprimento da jornada de seis horas segue como uma das principais lutas das entidades do movimento organizado dos empregados da Caixa Econômica Federal. A conquista é de 1985, ano da greve histórica em todo o país. De lá para cá, no entanto, foi necessário intensificar a mobilização da categoria contra o registro incorreto do ponto, problema que persiste e gera uma série de fraudes que prejudicam os trabalhadores.
Na Campanha Nacional 2014, não houve nenhum avanço na negociação da pauta específica com a Caixa. Os representantes dos empregados cobraram, além do respeito à jornada, a adoção do login único. Segundo eles, a estação única atual não impede que o bancário continue trabalhando após as seis horas.
A empresa diz que também deseja o fim das horas extras sistemáticas e que tem envidado esforços para que isso ocorra. Uma nova reunião entre o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, e a Caixa está marcada para ocorrer nesta quarta-feira (24), em Brasília.
Sobrecarga e pressão
“O dia a dia nas unidades de todo o país contraria o discurso do banco. Há sobrecarga e pressão para que os empregados trabalhem acima da jornada e não registrem corretamente o ponto. Nossa luta é para que não haja horas extras. Mas se houver, que elas sejam computadas e integralmente pagas. Esse é um direito que precisa ser respeitado”, explica Fabiana Matheus, coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), órgão que assessora a Contraf/CUT nas negociações com a empresa.
“Tudo isso é fruto da falta de pessoal, problema que o banco teima em dizer que não existe. A empresa chegou à marca de 100 mil efetivos no início desse mês. É um dado importante, já que foram mais de 40 mil contratados desde 2003. Mas as convocações de concursados não acompanha o ritmo de abertura de unidades”, observa Dionísio Reis Siqueira, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Essa realidade, acrescenta Dionísio, tem provocado a sobrecarga e o maior adoecimento da categoria. As entidades que representam os trabalhadores, inclusive, aguardam dados mais consistentes sobre afastamentos de empregados devido a acidentes de trabalho e problemas de saúde.
“Para completar, a Caixa ainda impôs o programa Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP), que institucionaliza a cobrança de metas individuais, que estão entre as principais causas do adoecimento no trabalho. Nas negociações que já ocorreram, a empresa se recusou a suspender essa atrocidade”, diz o dirigente sindical.
Descumprimento do ACT 2013/2014
Segundo Fabiana Matheus, mecanismos criados pela Caixa possibilitam o descumprimento de um dos principais avanços das negociações do ano passado: pagamento de 100% das horas extras realizadas em agências com até 15 empregados. A regra, que passou a vigorar em janeiro desse ano, consta no parágrafo sexto da cláusula sexta do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2013/2014.
“Em primeiro lugar, foi dada ao empregado a chance de optar pela compensação, o que gerou uma brecha para que ele sofra pressão para isso. Em maio, o banco estipulou dotação orçamentária para pagar as horas extras e a obrigação de os gestores justificarem a extrapolação do limite. Além disso, os tesoureiros, massacrados diariamente com excesso de trabalho, ficaram de fora do acordo”, detalha Fabiana Matheus.
Sipon para gerentes
No dia 1º de agosto, o registro do ponto eletrônico passou a ser obrigatório também para os empregados lotados em unidades da Caixa ocupantes de função gerencial. A medida atendeu a uma antiga reivindicação do movimento dos trabalhadores do banco. A exceção são os gerentes gerais e, no caso das Superintendências Regionais, os gerentes regionais e os superintendentes regionais.
A coordenadora da CEE/Caixa reforça que a marcação correta no Sipon é fundamental. “Só assim conquistaremos o pleno cumprimento da jornada e os avanços necessários no que diz respeito às contratações. A luta continua e é de todos nós! Por isso, os empregados devem denunciar caso sintam-se pressionados a cumprir jornadas extenuantes ou sem o devido pagamento”, alerta Fabiana Matheus.