FOLHA DE SÃO PAULO
ÉRICA FRAGA
Comparações de indicadores internacionais confirmam a solidez do sistema bancário brasileiro, mas revelam que as instituições financeiras nacionais poderiam emprestar mais.
O fato de grandes bancos brasileiros se destacarem entre as instituições do mundo com maior nível de capital próprio é um importante indicador da fortaleza.
Essa característica já havia sido constatada por outras pesquisas internacionais. O último relatório de competitividade global do Fórum Econômico Mundial mostra, por exemplo, que, no quesito “solidez do sistema bancário”, o Brasil aparece em décimo lugar (entre 133 países).
Por outro lado, diz Roberto Troster, sócio da S/A M e ex-economista-chefe da Febraban, embora sólido e estável, o sistema bancário do país ainda é relativamente ineficiente: “O sistema brasileiro é sólido, tem uma rentabilidade alta, mas seu nível de alavancagem ainda é baixo”.
Quanto mais elevado o capital próprio de um banco, maior sua capacidade de emprestar recursos e fazer outras operações no mercado financeiro. É da natureza dos bancos trabalharem alavancados, ou seja, emprestar e “apostar” muito mais recursos do que possuem.
Mas essa capacidade de alavancagem é regulada pelas autoridades do setor e medida pelo chamado índice de Basileia (que determina a quantidade mínima de capital total que um banco precisa ter em relação ao seu ativo para que seu risco de solvência seja aceitável).
SEGURANÇA
O BC brasileiro estabelece um nível de Basileia mínimo de 11% (a norma internacional é de 8%). Mas, segundo dados do BC, os 20 maiores bancos brasileiros (ordenados pelo valor de seus ativos) tinham, em média, um índice superior a 17% em março.
Segundo a “Banker”, os 20 maiores bancos do mundo (segundo o valor de seu capital próprio) tinham índice de Basileia médio próximo de 14% no fim de 2009.
A folga exibida pelos bancos brasileiros (tanto em relação à regra do BC quanto em comparação às instituições de fora) indica, segundo Troster, que eles ainda têm potencial para elevar sua carteira de empréstimos apesar do forte crescimento do crédito nos últimos anos.
“SPREADS” ALTOS
Parte do problema continuam sendo os altos “spreads” (diferença entre as taxas de juros de captação e empréstimo dos bancos). Segundo o World Economic Forum, no quesito “spread” bancário, o Brasil aparece em 128º lugar (entre 133 países).
Segundo Troster, o “spread” elevado continua sendo uma das importantes barreiras à expansão do crédito no Brasil.