Em quatro meses, “saidinha de banco” faz 325 vítimas em Belo Horizonte

Os clientes dos bancos continuam desprotegidos. Só nos primeiros quatro meses deste ano, as “saidinhas de banco”, crimes que acontecem logo após os clientes sacarem dinheiro nos caixas, fizeram 325 vítimas em Belo Horizonte. O número dá uma média de dois ataques por dia na capital mineira. Somadas todas as vítimas, chega-se a um prejuízo de R$ 1,5 milhão apenas de janeiro a abril.

A Savassi, tradicional point turístico e cultural de Belo Horizonte, aparece nas estatísticas como a campeã no número de ocorrências.. É o bairro da cidade onde houve, neste ano, o maior número de vítimas de saidinhas de banco: 12. Ela é seguida pelo centro, com 11 vítimas em 2012. Ao todo, segundo a PM, dez bairros apresentaram aumento no número de casos neste ano, contra nove que tiveram redução na criminalidade.

Dados da Polícia Militar mostram ainda que a região Noroeste, onde estão os bairros Caiçara, Padre Eustáquio e Coração Eucarístico, por exemplo, é o local onde o crime mais cresceu na capital. De 60 ocorrências registradas entre janeiro e abril de 2011, a região acumulou nos quatro primeiros meses deste ano, 81 casos, um aumento de 35%. O índice contraria a queda de 6,8% observada na média geral da cidade.

“Temos gangues praticando saidinhas de banco na região Noroeste. Os bandos estão, inclusive, disputando território”, afirmou o comandante do policiamento da capital, coronel Rogério Andrade. Só no bairro Caiçara, na região, o índice passou de duas para dez ocorrências nos períodos analisados, um salto de 400%.

No vizinho Carlos Prates, onde ocorreram cinco saidinhas de banco nos primeiros quatro meses de 2011, houve seis em 2012. O comandante informou que a PM prendeu integrantes das gangues, mas ainda não conseguiu conter a atuação dos grupos.

No ranking dos bairros onde mais houve ocorrências, neste ano, algumas situações chamam a atenção. O Prado, na região Oeste, que no primeiro quadrimestre de 2011 teve apenas um caso, já acumula oito vítimas, em 2012. Ele vem seguido pelo Santo Antônio, que passou de uma única ocorrência para sete.

As regiões de Venda Nova e Leste acompanham a Noroeste na elevação dos índices. No primeiro caso, o aumento foi 21,4% (de 14 para 17), enquanto na região Leste, onde estão os bairros Sagrada Família e Santa Tereza, o aumento foi de 6,5%, passando de 31 para 33 casos, em 2012.

Lotéricas também são alvos fáceis

A Polícia Militar alerta ainda para o número de assaltos a casas lotéricas na capital. Foram 16 ocorrências nos quatro primeiros meses de 2012, contra 25 no mesmo período de 2011. Apesar da queda de 36% no índice, a corporação informou que a falta de segurança nos estabelecimentos é porta de entrada para bandidos.

Como contrapartida, a PM informou que mantém a operação Impacto, com blitze com foco nos motociclistas, além da Saque Seguro, que aborda suspeitos próximos às agências. (LC)
Ausência de biombos

PM culpa agências por aumento de ocorrências

O comandante do policiamento da capital, coronel Rogério Andrade, informou que o alto índice do crime está ligado à falta de segurança oferecida pelos bancos. “Nas agências onde há biombos de proteção painéis opacos que separam o caixa do espaço reservado para as filas, houve redução de 82% no índice de roubos. Já os locais que não têm a estrutura, continuam a ter grande incidência”, afirmou o policial, sem apresentar números.

Nas estatísticas da polícia, o banco líder em ocorrências teve, só neste ano, 146 clientes alvos de criminosos. O nome da instituição não foi informado.

A instalação de biombos, que impedem estranhos de observar o valor sacado, é obrigatória de acordo com a Lei Municipal 10.200/2011. No entanto, muitos bancos ignoram a norma.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) questiona a medida. Em nota, a entidade alegou que não há embasamento técnico que comprove a eficácia do painel. “Os biombos são questionáveis, pois tendem a criar pontos cegos nos quais podem ocorrer ou ter início ações indesejáveis aos quais o vigilante não terá acesso”, diz a federação.

A Prefeitura de Belo Horizonte informou, no entanto, que passará a fiscalizar o cumprimento da lei a partir deste mês e a aplicar a multa diária de R$ 50 mil em caso de irregularidade.

Enquanto a promessa não se cumpre, pessoas continuam a sofrer com a falta de segurança. Só anteontem, duas pessoas foram vítimas de saidinha de banco no Belvedere, na região Centro-Sul, entre eles, o engenheiro João Carlos Pompeu, 55. “Com certeza, tem uma quadrilha atuando aqui. Eles ficam em vários pontos observando os clientes e não há biombos nem polícia”.

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