Manifestação dos bancários em frente à sede do Banco Central
Como parte do calendário da greve nacional dos bancários, que estão de braços cruzados desde terça-feira (30), trabalhadores das instituições financeiras de dez capitais realizaram um ato público, nesta quinta-feira (2), para protestar contra a independência do Banco Central (BC).
Em Brasília, a manifestação, organizada pelo Sindicato, pela Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CUT/CN) e pela CUT Brasília, ocorreu em frente ao BC, no Setor de Autarquias Sul (SAS).
O BC, que tem como principal função regularizar e fiscalizar o sistema financeiro brasileiro, é responsável pela política de crédito cambial e monetária. Para cumprir esse papel, é necessário que a entidade esteja entrelaçada com o projeto de governo e priorize o interesse público acima dos privados.
Eduardo Araújo, que é bancário do Banco do Brasil e presidente do Sindicato, esclareceu que faz parte da pauta de reivindicações da Campanha Nacional dos Bancários 2014, a reforma do sistema financeiro, a democratização do Comitê de Política Monetária (Copom) e a regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal, que trata do sistema financeiro nacional.
Terceirização
O ato também serviu para protestar contra a terceirização ilimitada de serviços. Para o secretário de Finanças do Sindicato, Wandeir Severo, “é preciso denunciar à população que o BC tem que dar satisfação ao Estado e à sociedade e não a meia dúzia de banqueiros e políticos”.
O secretário de Política Social da CUT Brasília, Ismael José César, endossou as palavras dos dirigentes sindicais, lembrando que, enquanto os bancos têm lucros exacerbados, os bancários são submetidos a condições terríveis de trabalho.
“Não podemos aceitar as propostas apresentadas por alguns candidatos, de tornar o BC independente. Caso isso aconteça, a condução da política econômica será feita por meia dúzia de banqueiros”, alertou Ismael.
Para o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, que participou no mesmo horário da manifestação em frente ao BC em São Paulo, tornar o Banco Central independente, como defende a candidata Marina Silva, seria entregar a condução da política macroeconômica aos bancos privados, que se tornariam assim o quarto poder e governariam de fato o país, com o mínimo de emprego e o máximo de juros, roubando a atribuição constitucional dos governos democraticamente eleitos pela população.
Além da CUT Brasília, a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) e o Levante Popular da Juventude estiveram presentes no ato público para reforçar que o modelo de BC independente apresentado por alguns candidatos à Presidência da República não dá certo.