(São Paulo) Na próxima segunda-feira, 20 de novembro, será comemorado o Dia da Consciência Negra, data consagrada a homenagear Zumbi dos Palmares (1655 – 1695) e os ideais de liberdade que simbolicamente o líder negro representa. Para marcar a data, o Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – disponibiliza hoje em sua página na internet a primeira parte de um trabalho composto de dois estudos elaborados a partir das informações coletadas pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), realizada pelo Convênio DIEESE/Seade/MTE/FAT e parceiros regionais, nas Regiões Metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo e no Distrito Federal. Os dados referem-se ao período de agosto a julho dos anos analisados, por exemplo, em 2006, está relacionado à média do período de agosto de 2005 a julho de 2006.
Este primeiro estudo inclui, ainda, um conjunto de indicadores da condição de inserção da população negra nos mercados de trabalho metropolitanos entre 1998 e 2006: evolução da participação, do desemprego e dos rendimentos em comparação aos dos não-negros, mostrando a dificuldade enfrentada pela população negra no mercado de trabalho.
O segundo, a ser divulgado na próxima semana, trará dados referentes a 2006 e pontuará os efeitos diferenciais de escolaridade sobre o desemprego, a ocupação e rendimentos dos afro-brasileiros na estrutura produtiva.
Mais da metade dos desempregados
O trabalho hoje divulgado mostra que a população negra – composta de pretos e pardos – corresponde, segundo o Censo Demográfico, a 45% da população brasileira. No conjunto de regiões onde a PED é realizada, a população negra em idade ativa corresponde a 14.460.000 pessoas, ou seja, 46,6% da PIA destas regiões.
Também quando se considera a População Economicamente Ativa das regiões pesquisadas, os negros correspondem a 46,6% do total. No entanto, mais da metade dos desempregados (55,3%), nessas mesmas localidades, são negros.
Ao se ocupar, uma parcela maior de negros que de não-negros insere-se no mercado de trabalho em situação de trabalho vulnerável, ou seja, colocam-se como assalariados sem carteira assinada, autônomos para o público, trabalhadores familiares não-remunerados ou empregados domésticos. A proporção de mulheres negras nessa condição – que indica a baixa qualidade dos empregos – é ainda maior que a dos homens.
Outro dado que indica a dificuldade enfrentada pelos negros no mercado de trabalho refere-se ao rendimento. Na média de 12 meses, entre agosto de 2005 e julho deste ano, os rendimentos desta população foram sempre inferiores. Nas regiões metropolitanas de Salvador e de São Paulo, chegaram a corresponder a 51,8% e 45,7% do auferido, em média, pelos não-negros.
A posição desfavorável dos negros no mercado de trabalho somente será modificada com a implementação de políticas de redução da pobreza, de campanhas de sensibilização acerca da existência da discriminação, de políticas afirmativas para esta população e, principalmente, pela garantia de acesso e pelo aumento da oferta de serviços públicos de qualidade, como a educação. Além de permitir uma melhor inserção no mercado de trabalho, a educação forma cidadãos que, cada vez mais, disputarão espaços públicos para defender seus interesses.
Veja aqui a íntegra do trabalho do Dieese.
Fonte: Dieese