Em julho, o custo de vida no município de São Paulo registrou variação de 0,87%, o que significa uma taxa 0,10 ponto percentual (pp) inferior à de junho (0,97%), segundo cálculo do DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Alimentação (1,47%) e Habitação (1,49%) registraram as maiores variações. Foi apurada retração para os grupos Equipamento Doméstico (-0,40%) e Vestuário (-0,39%).
A análise das variações de preços, em julho, revelou que os alimentos continuaram a ser o principal fator de alta da inflação, com contribuição de 0,42 pp para a taxa geral do ICV-DIEESE. Em segundo lugar, está o impacto da elevação da energia elétrica, que sozinha contribuiu com 0,24 pp no cálculo do índice. Ou seja, caso não este último item não tivesse sido reajustado, a inflação deste mês seria da ordem de 0,63%.
Índices por estrato de renda – Além do índice geral, o DIEESE calcula ainda mais três indicadores de inflação, segundo tercis da renda das famílias paulistanas. Em julho, a taxa de inflação foi muito diferente entre os três estratos de renda. O estrato 1, que corresponde à estrutura de gastos de 1/3 das famílias mais pobres (renda média = R$ 377,49*), apresentou a maior variação (1,22%). Para o estrato 2, que contempla os gastos das famílias com nível intermediário de rendimento (renda média = R$ 934,17*), a taxa foi de 0,95%. O 3º estrato, que reúne as de maior poder aquisitivo (renda média = R$ 2.792,90*), foi o menos prejudicado pela inflação, com alta de 0,73%.
Inflação Acumulada – Nos últimos 12 meses – entre agosto de 2007 e julho de 2008 – o ICV-DIEESE acumula alta de 7,05%. Ao se considerar os diferentes estratos, estas taxas são decrescentes na medida em que a renda familiar aumenta: estrato 1, 9,45%; estrato 2, 7,88% e estrato 3, 6,07%. Nos primeiros sete meses de 2008 – entre janeiro e julho – a inflação foi de 4,51%. O comportamento por estrato tem o mesmo sentido que o observado para as taxas anuais, sendo maior para o 1º estrato, com variação de 5,82%, seguido do 2º, cuja taxa ficou em 4,83% e com menor elevação para o 3º, 4,03%.
Alimentos x Não-Alimentos – A inflação dos últimos 12 meses originou-se, basicamente, da pressão exercida pelos produtos alimentícios. Para analisar o comportamento destes preços, foram construídas séries de taxas mensais e acumuladas ao longo deste último ano, com o objetivo de observar os valores dos bens e serviços, denominados como “Não alimentos”, em comparação com os preços agrícolas.
A observação destas séries revela três picos inflacionários dos alimentos, que correspondem aos meses de dezembro de 2007 (2,68%), maio de 2008 (2,40%) e junho de 2008 (2,88%). Nestes meses, foram poucos os alimentos que apresentaram altas significativas, podendo-se apontar apenas três ou quatro responsáveis pela forte alta da inflação.
Em dezembro de 2007, para uma inflação de 1,09%, os Alimentos subiram 2,68%, bem acima dos demais bens e serviços, considerados em “Não alimentos”, cujo aumento foi de 0,52%. Houve pressão de dois produtos – feijão e carne – que contribuíram com 0,43 pp no cálculo da inflação do mês, que seria de 0,66% caso não tivessem ocorrido estes reajustes extraordinários. Em maio de 2008, a taxa de 2,40% apurada para os Alimentos ficou bem acima da registrada para os “Não alimentos” (0,29%). Três produtos – arroz, pão francês e carne – contribuíram com 0,34 pp no resultado da taxa do mês, de 0,87%, que ficaria em 0,53%, se não ocorressem tais reajustes.
Por fim, o último surto inflacionário dos Alimentos ( variação de 2,88%) se deu em junho último, quando os “Não-alimentos” variaram apenas 0,24%, para uma inflação mensal de 0,97%. Mais uma vez, foram apenas três alimentos os responsáveis por esta alta: feijão (14,16%), arroz (11,50%) e carne (9,34%), que juntos contribuíram com 0,56 pp para a inflação do mês. Caso tais reajustes não tivessem ocorrido, a taxa ficaria em torno de 0,41%.