Dieese: alimentos puxam alta no Índice de Custo de Vida

Em maio de 2008, o ICV-DIEESE, calculado mensalmente para o município de São Paulo, registrou alta de 0,87%, pressionado principalmente pela Alimentação, cujo aumento de 2,40%, contribuiu com 0,66 pp no cálculo da inflação do mês. O impacto de cada um dos demais grupos foi inferior a 0,10 pp.

Índices por estrato de renda – Além do índice geral, o DIEESE calcula ainda mais três indicadores de inflação segundo tercis da renda das famílias paulistanas. Em maio, a taxa de inflação foi muito diferente entre os três estratos de renda. O estrato 1, que corresponde à estrutura de gastos de 1/3 das famílias mais pobres (renda média = R$ 377,49), apresentou a maior variação (1,28%*), seguido do estrato 2 (1,05%) que contempla os gastos das famílias com nível intermediário de rendimento (renda média = R$ 934,17*). O 3º estrato, que reúne as famílias de maior poder aquisitivo (renda média = R$ 2.792,90*), teve alta de 0,68%, e foi o menos prejudicado pela inflação.

Inflação Acumulada – Nos últimos 12 meses – entre junho de 2007 e maio de 2008 – o ICV-DIEESE acumula alta de 4,95%. Ao se considerar os diferentes estratos, estas taxas são decrescentes com o aumento da renda familiar: estrato 1, 6,77%, estrato 2, 5,47% e estrato 3, 4,27%. Nos cinco primeiros meses de 2008, a inflação foi de 2,62%. O comportamento por estrato, também é decrescente com a renda familiar, sendo maior para o 1º estrato (3,02%), seguido do 2º (2,60%) e com menor variação no 3º (2,53%).

Inflação dos alimentos – O DIEESE comparou as taxas do ICV em maio deste ano às de igual período em 2007, para verificar as principais pressões inflacionárias. Os resultados deste levantamento revelam que a maior diferença positiva (2,25 pp) entre os dois períodos foi detectada na Alimentação, que passou de 0,16%, em 2007, para 2,40%, em 2008. Apenas dois outros grupos apresentaram taxas em patamar ligeiramente superior em 2008 que no ano anterior: Despesas Pessoais (0,73 pp) e Vestuário (0,12 pp). Os demais grupos registraram taxas menores neste ano frente às detectadas no anterior: Habitação (-1,50 pp), Recreação (-0,60 pp), Transporte (-0,21 pp), Educação e Leitura (-0,14 pp), Saúde (-0,10 pp) e Equipamento Doméstico (-0,04 pp).

Quando se considera o período de 12 meses, para o índice Geral e os grupos do ICV, verifica-se a ocorrência de aumentos acentuados na Alimentação (14,17%) e Educação (4,63%). Variações positivas, porém inferiores à inflação Geral são detectadas na Saúde (2,58%) e Habitação (2,26%). Há deflação em Equipamento Doméstico (-1,69%), Vestuário (-1,54%) e Transporte (-0,68%). O descolamento da Alimentação em relação ao índice Geral ocorreu de forma mais acentuada a partir de novembro de 2007. A Educação manteve-se inferior à inflação até o final de 2007; em janeiro, a taxa foi elevada, mantendo-se estável nos meses que se seguiram, atingindo maio com taxa acumulada no mesmo patamar do índice Geral.

Um corte específico da Alimentação mostra que as taxas acumuladas dos produtos in natura e semi-elaborados atingiram 18,83%, em janeiro, devido ao aumento no preço do feijão. Há recuo entre fevereiro e abril, mas, devido a pressão do preço do arroz (19,83%), volta a crescer em maio (20,07%). Entre junho e outubro, o subgrupo produtos da indústria alimentícia apresenta comportamento semelhante ao verificado para a Alimentação, tornando-se bem menor, a partir de novembro, devido à forte alta dos produtos in natura e semi-elaborados. Em maio, o acumulado estava em 10,13%, em decorrência da alta dos preços dos seguintes produtos: óleos (61,55%), farinha de trigo (43,11%), leite em pó (36,79%), pão francês (27,72%) e massas secas (25,28%). O subgrupo alimentação fora do domicílio, registrou variação de 9,82%.

A análise da inflação dos últimos 12 meses não deixa margem de dúvida de que o aumento da inflação se deve basicamente aos alimentos. Ela também apontou que a alta dos preços não foi generalizada, concentrando-se em apenas seis itens básicos da alimentação, tais como: arroz, feijão, carne, óleo, derivados do trigo e leite.

Leia aqui a íntegra do ICV-DIEESE de maio

* Os níveis de rendimento referem-se aos valores definidos para junho de 1996, quando da implantação da atual ponderação do ICV

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