Na tarde desta quinta-feira (22), um grande ato, em São Paulo, encerrou o “Dia Nacional de Paralisação e Mobilização”. De acordo com a organização, 30 mil pessoas compareceram ao protesto, que começou na avenida Paulista e terminou na Praça da República, ambos endereços na região central da capital paulista.
O ato finalizou um dia de atividades em todo o País, com importante adesão da classe trabalhadora, que paralisou fábricas e se mobilizou em ruas e praças, para pedir a saída de Michel Temer da presidência e a preservação dos direitos trabalhistas. As categorias presentes se uniram aos bancários, que estão em greve há 17 dias.
Segundo o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, o Dia Nacional de Paralisação foi um grande dia para os bancários e bancárias de todo o país. “Somamos a outras categorias e mostramos para o mundo que aqui tem resistência. Sem desmobilizar a nossa greve específica, que chegou ao seu 17º dia forte, participamos de atos e manifestações classistas por todo o Brasil. Foi um movimento histórico necessário. Colocamos junto às nossas bandeiras da categoria a defesa classista contra a terceirização, contra a reforma da previdência pública, em defesa do patrimônio do povo contra as privatizações e em defesa do Pré-Sal, contra a flexibilização de direitos que os patrões esperam permitindo que haja negociações sobre direitos legais como 13º salário, férias e outros. Juntos com as centrais sindicais dissemos que este governo ilegítimo não nos representa e que queremos eleições diretas, já! Muito orgulho de ter vivido este dia. Cada vez mais temos certeza de que "Só a luta te garante!".
O secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, alertou para os riscos da gestão comanda por Michel Temer. “Esse governo quer destruir a previdência para que os bancos possam oferecer esse serviço. Eles querem a reforma trabalhista para voltar ao período pré-Getúlio, vamos ter empresas sem trabalhadores. Não há um único trabalhador no Brasil que não tenha motivos para estar na rua, lutando por seus direitos”, encerrou.
Para o afirmou o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, o ato correspondeu às expectativas. “Hoje, os municipais, os metalúrgicos e outras categorias se uniram aos bancários, que já estão em greve, para promover um grande dia de luta em defesa dos direitos trabalhistas. É um primeiro passo rumo à greve geral.”
Da mesma forma pensa o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques. “Foi muito boa a adesão às paralisações. O clima dos trabalhadores é de apreensão, pela perda de emprega e pela perspectiva de perda de direitos e salários. Deu para perceber que há uma vontade muito grande de partir para a greve geral, a assembleia geral aprovou a greve geral”, afirmou Rafael.
Educação e greve dos bancários
Nesta quinta-feira (22), o governo federal anunciou uma Medida Provisória que pretende interferir no currículo do Ensino Médio, retirando disciplinas como Artes e Educação Física. Para a presidenta da Apeoesp, Maria Izabel, a Bebel, a medida é “absurda”.
“A reforma do Ensino Médio retira do currículo justamente as matérias que provocam a crítica e a reflexão, além de provocar demissões de professores. É um enxugamento da qualidade do ensino, prejudicando justamente quem estuda em escola pública”, explicou a dirigente.
No carro de som que ia à frente do ato, dirigentes defendiam o ex-presidente Lula, que tem sido perseguido politicamente pelo juiz Sérgio Moro, grande mentor da Operação Lava Jato.
“Anteontem, em Nova Iorque, diversas entidades sindicais do mundo todo manifestaram apoio ao Lula. Isso mostra o quanto ele é importante para a classe trabalhadora mundial. Além disso, mostrou que não estamos sós nessa luta, a unidade é fundamental, inclusive para caminharmos rumo a greve geral”, afirmou João Felício, ex-presidente da CUT e atual presidente da Confederação Sindical Internacional, entidade com 180 milhões de sócios, congregando centrais sindicais do mundo inteiro.
A presidenta do Sindicato dos Bancários, Juvândia Moreira, lembrou que a categoria é a primeira a entrar em greve depois do golpe intituído no Brasil, que levou ao poder Michel Temer. A dirigente criticou a entidade patronal, que tem imposto dificuldades na negociação com os trabalhadores. "Tivemos nos últimos doze anos, aumento real. Porém, neste ano, os banqueiros, maiores sanguessugas da nação, apresentam proposta de reajuste com perda salarial. Eles são sócios desse grupo e querem diminuir o custo do trabalho para concentrar renda", finalizou.