Famílias como reféns, trabalhadores à mercê de bandidos e constante clima de insegurança. Essa é a realidade em que os bancários de Mato Grosso têm trabalhado. Quando a segurança das agências e, consequentemente, dos funcionários não é levada a sério pelos bancos, vemos o número alarmante de assaltos a essas unidades.
Enquanto dados oficiais da Polícia Judiciária Civil registram seis assaltos a agências somente neste ano, o Sindicato dos Bancários de Mato Grosso (SEEB-MT) contabilizou 18 roubos (também estão inclusas tentativas) a instituições bancárias de sua base.
Aproveitando-se da fragilidade das agências, as ações de criminosos têm se tornado cada vez mais constantes nas agências bancárias do Estado. Em oito dias, ocorreram três assaltos quase que cinematográficos nas unidades do interior.
No mais recente, duas instituições financeiras foram roubadas ao mesmo tempo numa mesma cidade (Sicredi e Banco do Brasil de São José do Rio Claro), em que durante a fuga bancários e clientes foram feitos “escudo humano” e alguns foram carregados no capô dos veículos em poder dos assaltantes.
No ano passado,a PJC registrou 13 ocorrências desse tipo. Em algumas dessas agências, assaltos têm se tornado rotineiros. Esse é o caso do Banco do Brasil de Paranatinga (a 373 quilômetros de Cuiabá), roubado novamente em 4 de agosto desse ano.
Os roubos não se restringem aos municípios do interior. Em 2009 houve cinco ações desse tipo na Capital. Até a unidade do HSBC localizada no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, se tornou alvo dos bandidos.
O prejuízo dessa ausência de políticas eficazes na área de segurança não se restringe aos valores financeiros roubados, mas principalmente ao bem estar físico e psicológico dos trabalhadores.
Após a tentativa de assalto ao Bradesco de Lucasdo Rio Verde, a 354 quilômetros de Cuiabá, três bancários tiveram que ser encaminhados para a capital para receberem atendimento psicológico por causa da situação traumatizante a qual foram submetidos.
“Há muito tempo estamos cobrando dos bancos mais segurança, principalmente nas agências do interior, onde o contingente de segurança pública é reduzido. Investimentos dos banqueiros em câmeras de segurança nos arredores das agências, portas giratórias antes dos pontos de auto-atendimento, mais vigilantes e fachadas com vidros blindados não são artigos de luxo, mas extremamente necessários para cada uma das unidades bancárias. Sem isso os bancários, que são os maiores valores dentro do banco, não estarão seguros”, argumenta o presidente do Sindicato dos Bancários em Mato Grosso, Arilson da Silva.
Veja os assaltos ocorridos em 2009 no Mato Grosso:
1. Cuiabá: PAB/Itaú-Cemat (04/02)
2. Nova Mutum: Banco do Brasil (13/02)*
3. Alto Taquari: Banco do Brasil (17/02)
4. Cuiabá: Banco do Brasil do Sebrae (12/03)
5. Cuiabá: Bradesco (12/04) tentativa
6. Chapada dos Guimarães: Agência não identificada (22/05) tentativa
7. Nova Mutum: Banco Popular (06/07)
8. Vale do São Domingos: Sicredi (21/07)
9. Chapada dos Guimarães: Banco do Brasil (24/07)
10. Diamantino: Lotérica (03/08)
11. Lucas do Rio Verde: Bradesco (04/08) tentativa – (Enquadra em extorsão mediante a seqüestro)*
12. Paranatinga: Banco do Brasil (04/08)*
13. Cuiabá: HSBC do Tribunal de Justiça (12/08)
14. Itanhangá: Sicredi (15/08) tentativa (nove suspeitos teriam ido até a agência por volta das 2h30. Eles destruíram as câmeras de vigilância, porém o sistema de alarme foi acionado)
15. Cuiabá: Banco Real da Unirondon (24/08)
16. Tabaporã: Banco do Brasil (04/09) *
17. São José do Rio Claro: Sicredi (08/09)*
18. São José do Rio Claro: Banco do Brasil (08/09)*
*com reféns