(São Paulo) Os rumores sobre o futuro dos negócios do banco holandês ABN Amro continuam. Enquanto a matriz negocia com o britânico Barclays e vê outra proposta de um consórcio europeu com participação do Santander, a revista britânica Times publica que o HSBC estaria interessado na unidade brasileira do ABN.
A reportagem assinada por Patrick Hosking, editor de finanças e bancos, diz que o HSBC é um sério candidato para adquirri as operações o ABN Real, estimadas em US$ 7 bilhões, caso as negociações com o Barclays fracassem. O ABN Real é o maior banco estrangeiro no Brasil.
A revista diz ainda que o ABN irá se reunir a partir de segunda-feira com o consórcio formado pelo Banco Real Escocês (Royal Bank of Scotland, ou RBS), Fortis e Santander. Até lá, durante o fim de semana, o Barclays perserva sua exclusividade. Além dos espanhóis e da filial do HSBC, a Times diz que poderia haver interessados no ABN Real no mercado doméstico, quer dizer, bancos brasileiros.
Para Marcelo Gonçalves, coordenador da COE ABN, os rumores passam a fazer parte do cotidiano dos trabalhadores no Brasil porque a direção se recusa a dialogar para estabelecer garantias de emprego para o momento de transição. "Eles sequer responderem às correspondências enviadas. O silêncio do banco aumenta a incerteza e a insegurança do trabalho", sustenta.
Sem divisão
Marcelo conta que há consenso entre a direção do banco e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) quanto à importância de a empresa não ser dividida numa eventual venda do ABN. A avaliação de ambas as partes é de que uma separação implicaria perda de clientes, de acionistas e, antes de tudo, dos próprios funcionários.
Um avanço nesse sentido veio com o posicionamento do Banco Central holandês, DNB (Dutch National Bank) na quarta-feira, dia 18. Diante das negociações com o Barclays do ponto de vista regulatório, a instituição que normatiza o sistema financeiro holandês se manifestou contra uma eventual separação das unidades do ABN no caso de uma fusão. A informação foi publicada no jornal Gazeta Mercantil, na quinta-feira, dia 19. Embora não seja informado se o posicionamento é definitivo, é uma situação vantajosa para os planos do banco inglês.
Diante dessa posição, o coordenador da COE no Brasil questiona: "será que o presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, se ele vai se posicionar contra a concentração bancária ou se irá se omitir?"
Fonte: Contraf-CUT