Desigualdade no Brasil atinge o menor nível em 50 anos, aponta FGV

O Globo
Fabiana Ribeiro

RIO – Estudo “Desigualdade e Renda na Década”, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta que a desigualdade no Brasil atingiu no ano passado o nível mais baixo da história. O Índice de Gini chegou a 0,5304 (quanto mais perto de 1, mais desigual o país), em 2010, superando até mesmo o patamar da década de 60.

-Estamos no melhor momento, apesar de a desigualdade ainda ser alta numa comparação internacional – disse o economista Marcelo Néri, responsável pela pesquisa. Serão precisos mais 30 anos para atingir o nível da desigualdade americano -completou.

Néri atribui a queda na desigualdade no país, sobretudo, aos avanços na educação, seguidos pela adoção de programas sociais. O estudo revelou que a renda individual dos analfabetos aumentou 47% entre 2001 e 2009. Enquanto isso, pessoas com ao menos o superior incompleto tiveram queda de 17% na renda individual. Segundo Néri, o mercado de trabalho brasileiro está valorizando mais a base.

– É o trabalho pouco valorizado ficando mais valorizado no país, também os programas sociais aumentam o salário reserva. O grande personagem desse avanço é a escolaridade, embora ainda tenhamos a mesma taxa de escolaridade do Zimbábue – afirmou.

Entre 2001 e 2009, os maiores ganhos real de renda ocorreram em grupos tradicionalmente excluídos. O Maranhão, que é o estado mais pobre do país, teve ganho de 46%. Já São Paulo, 7,2%. O Nordeste 42%, contra 16%, do Sudeste. Segundo Néri, a pobreza caiu 50,64% entre dezembro de 2002 e dezembro de 2010.

-Dois terços da pobreza já foram, falta o terço mais difícil – afirmou.

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