(Curitiba) Apesar de significarem mais de 44% do mercado de trabalho no Paraná, considerando ocupados e desempregados, as mulheres continuam enfrentando obstáculos para a ascensão profissional. O rendimento das mulheres é 42% inferior ao dos homens.
“Esta diferença era ainda maior em 2002”, afirmou Cid Cordeiro, coordenador do Dieese/PR. “O rendimento era 45% menor que o dos homens. Esta melhoria se deve a política de valorização do salário mínimo, que beneficiou especialmente as mulheres, que atuam em setores em que o reajuste salarial é atrelado ao mínimo”.
“As trabalhadoras ainda recebem menos porque se inserem profissionalmente em ocupações de menor remuneração, produtividade e prestígio social. Os segmentos que mais absorvem força de trabalho feminina são os mais desvalorizados no mercado de trabalho e os que tendem a propiciar remunerações mínimas, como o setor de saúde, educação e serviços pessoais, principalmente o emprego doméstico”, explica Marisa Stedile, presidente do Sindicato dos Bancários.
Considerando apenas o mercado formal (com carteira assinada), o salário das mulheres é 19% inferior ao dos homens. “Esta diferença é menor, porque no mercado formal as mulheres estão protegidas pelos pisos salariais das categorias que asseguram a igualdade de salário entre homens e mulheres”, explica Cid Cordeiro.
Outro agravante na desigualdade de gênero é o grau de instrução. Mais de 25% das mulheres do Paraná que atuam no mercado formal possuem curso superior, contra 13% dos homens. Isto porém não garante que elas tenham melhores salários. O salário médio dos homens com este grau de escolaridade é de R$ 2.997,62, já das mulheres é de R$ 1.756,63.
Menos que 1% das mulheres que estão empregadas com carteira assinada ganham mais de 20 salários mínimos. Para se ter uma idéia, a cada mulher inserida nesta faixa salarial, há 3 homens com esta remuneração.
Segundo Marisa Stedile, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba, isto se deve especialmente a uma questão cultural. “O salário da mulher ainda é visto como complementação da renda doméstica, embora haja um aumento considerável de mulheres chefes de família”, afirma Marisa. “A diferença salarial acontece na medida em que a pirâmide começa a afunilar, quando as mulheres começam a disputar cargos de gerência. Neste momento perdem estas oportunidades de ascensão profissional devido a dupla jornada de trabalho – os patrões acreditam que as mulheres não teriam uma dedicação integral e a maternidade, já que a gravidez é vista como um empecilho, algo que vai afastá-la do trabalho”, complementa.
Boa notícia
Apesar de ainda existirem muitas distorções que punem as mulheres no mercado de trabalho, existem boas notícias. Segundo o Dieese em 2002, o rendimento médio mensal das mulheres no Paraná era de R$ 408. Em 2005, este valor passou para R$ 595. O valor anterior era inferior a média nacional de R$ 420, já o valor atual supera a média nacional que é de R$ 541.
Nos bancos…
O Paraná é o segundo estado com maior desigualdade entre homens e mulheres no setor bancário. O rendimento das bancárias paranaenses é 30% menor do que dos bancários. O Estado só perde para o Acre.
Fonte: Patrícia Meyer – Sindicato dos Bancários de Curitiba