Um Requerimento de Informações apresentado por deputados federais petistas na manhã desta terça-feira (5) solicita que o ministro da Economia, Paulo Guedes, esclareça as denúncias de que a primeira-dama da República, Michelle Bolsonaro, tenha cometido o crime de tráfico de influência no caso de concessão de empréstimos, ou outras operações de crédito facilitadas pela Caixa Econômica Federal sob a intermediação e influência da primeira-dama da República.
A denúncia, mais uma vez, envolve o presidente do banco, Pedro Guimarães, que vem sendo alvo de investigações de uso da Caixa para finalidades pessoais e políticas. Desta vez as denúncias são de que Pedro Guimarães tenha beneficiado os “amigos do Rei” a pedido de Michelle Bolsonaro.
“A denúncia, assim como as outras que envolvem Pedro Guimarães, é grave e precisa ser apurada, até mesmo para que ele tenha o direito ao controverso, como defendemos para todos os empregados da Caixa. Quem não deve, não teme, não é mesmo?”, disse a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt. “O que não pode é ficar se esquivando para não explicar, como tem feito no caso de uso de recursos do banco para se autopromover e alçar voos na carreira política”, completou.
Facilidades (mas só para os amigos)
A revista Crusoé, que denunciou o caso, lembra que, no auge da pandemia, as empresas brasileiras encontravam diversas dificuldades de acesso e liberação de crédito pela Caixa às empresas, mas que um grupo de amigos e conhecidos da primeira-dama Michelle Bolsonaro, adeptos e defensores do governo Bolsonaro, não encontraram quaisquer dificuldades de acessar as referidas linhas de crédito, empréstimos e demais operações de socorro disponibilizadas pelo banco.
Para o secretário de Relações de Trabalho da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Jeferson Meira, o Jefão, o caso se contrasta com os interesses de privatização do banco público. “Esse é o projeto controverso desse governo Bolsonaro: quer privatizar as empresas públicas, mas faz uso delas em benefício próprio. São caras de pau! Esse governo contabiliza vários escândalos em uso político dos cargos públicos”, concluiu.
Segundo a revista, Michelle Bolsonaro teria se empenhado pessoalmente na tarefa de “ajudar” aos amigos e conhecidos, fazendo diversas tratativas, por e-mail ou em encontros presenciais, com Pedro Guimarães. A primeira teria chegado a disponibilizar funcionários públicos para atuarem como facilitadores (despachantes) das empresas beneficiadas com os recursos públicos emprestados pela Caixa, que também teria designado empregados para atender aos pleitos da primeira-dama.
Na justificativa do Requerimento de informações, os deputados afirmam que “todos esses fatos indicam que a Instituição Caixa Econômica Federal, com o beneplácito e empenho pessoal de seu presidente, foi usado indevidamente, ilegalmente e criminosamente, para privilegiar interesses privados da esposa do Presidente da República e destes (seus apoiadores), em detrimento da observância dos princípios da administração (moralidade e impessoalidade) e da legislação que deve nortear a concessão de créditos pela referida Instituição Financeira Pública”.
#SeÉPúblicoÉParaTodos
O presidente da Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto, lembra que a Caixa é um bem público e deve servir a todas as pessoas com igualdade e de acordo com as suas necessidades. “Esse é um princípio da coisa pública, da democracia. Infelizmente, nas últimas semanas tem sido amplamente divulgado atos que não condizem com isso. São denúncias de tráfico de influência, de uso indevido dos canais de comunicação da Caixa para benefício próprio, autopromoção ou obtenção de vantagens. Todos esses casos precisam ser apurados e os responsáveis penalizados”, disse.
Takemoto ainda fez menção à responsabilidade, ética e honra com que os trabalhadores do banco sempre agiram. “Nós, os empregados da Caixa, somos a força-motriz que move esse banco e não podemos tolerar o mau uso dele e seu enfraquecimento. A Caixa precisa seguir sendo pública, de todos e essencial para o desenvolvimento do Brasil. Não podemos deixar que um mau governo coloque em risco a credibilidade da Caixa e de seus empregados”, completou.