Mesmo sob a forte chuva que caiu na capital federal durante a tarde dessa segunda-feira (9), cerca de 300 trabalhadores cutistas deixaram claro que a semana não será fácil para quem vai contra os interesses do povo brasileiro.
Diante da sede da CNI (Confederação Nacional da Indústria), um grupo de manifestantes da Central que chegaram a Brasília quatro dias antes da 6ª Marcha da Classe Trabalhadora se reuniram para repudiar a postura da entidade patronal, contrária à implementação do FAP (Fator Acidentário de Prevenção).
Com cornetas, balões, bandeiras da CUT, do Brasil e o grito de guerra “Reduz pra 40, que o Brasil aumenta”, os manifestantes, na maioria metalúrgicos do Rio Grande do Sul e trabalhadores do setor de alimentação, agitaram a normalidade do sisudo edifício da CNI, no Setor Bancário Norte da capital federal. Esses militantes se anteciparam à data de realização da 6ª Marcha da Classe Trabalhadora para realizar atos políticos de apoio às bandeiras da mobilização da próxima quarta, dia 11.
O Fator Acidentário de Prevenção entrará em vigor a partir de janeiro de 2010 e tem como objetivo contemplar com até 50% de desconto no SAT (Seguro de Acidente de Trabalho) as empresas que investirem em segurança de trabalho. Por outro lado, aquelas que não se preocupam em implementar políticas para diminuir o adoecimento dos trabalhadores, teriam elevação do pagamento. Assim, espera-se reduzir acidentes, mortes e adoecimentos causados pelo trabalho.
Por volta das 16h, dirigentes e trabalhadores utilizaram um caminhão de som para mandar um recado à Confederação. A CNI, embora tenha participado da elaboração do FAP, passou a criticá-lo pouco antes de a medida entrar em vigor. “Isso porque a indústria descobriu que é um dos setores que mais causam danos à saúde do trabalhador. Agora ficam pressionando o governo e o Congresso”, denunciou o presidente da CUT, Artur Henrique.
“As empresas são responsáveis pelos adoecimentos, mortes e acidentes de trabalho, porque enquanto pressionam os trabalhadores diariamente, assediam moralmente e impõem metas inatingíveis, não investem em equipamentos de proteção e condições seguras”, acrescentou Artur.
O dirigente lembrou que além do FAP, a redução da jornada de trabalho sem redução do salário, principal bandeira da Marcha em 2009, é fundamental para reduzir acidentes.
Para o secretário de Saúde do Trabalhador da CUT, Manoel Messias, “não é correto que os cofres públicos assumam despesas causadas pela falta de investimento dos empregadores”.
Secretária de Combate ao Racismo e representante da Central no Conselho Nacional da Previdência Social, Maria Júlia Nogueira acredita que o descaso com a saúde dos empregados representa uma falta de inteligência. “Aqueles trabalhadores saudáveis e que atuam em condições adequadas serães adequadas ser em condiç falta de intelig de investimento dos empregadores”que matam e mutilam trabalhadores so os que produzirão mais”, defende.
Diretor executivo da CUT, Dary Filho classificou a CNI como inimiga da saúde. “Queremos trabalhar e não adoecer”.
Coordenador do INST (Instituto Nacional de Saúde do Trabalhador), Siderlei de Oliveira ressaltou “a competição como um dos responsáveis pela precarização das relações trabalhistas.”
Presidente da Federação dos Sapateiros do Rio Grande do Sul, Antônio Guntzel, também defendeu a redução de jornada como importante aliada da saúde e sublinhou a importância da Marcha. “São milhares de pessoas mutiladas devido à extensão da jornada. Porém, com nossa luta, tenho certeza que terminaremos a semana com muitas conquistas”.
Segundo o vice-presidente da CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), Claudir Nespolo, a única forma de fazer com que os empresários invistam em melhores ambientes de trabalho é mexendo no bolso deles. “Caso não sejam penalizados no lucro, não vão investir em condições decentes para o trabalhador. Atualmente, vemos pessoas de 25 anos mutiladas pela atividade nas montadoras. Não podemos permitir que isso continue acontecendo”, finalizou.
Logo depois, militantes e dirigentes foram até a rodoviária de Brasília para distribuir panfletos e dialogar com a população sobre os eixos da 6ª marcha.